Ufes decide afastar por 30 dias professor acusado de preconceito

O vídeo é do programa Tribuna Notícias, com narração e comentários finais do âncora George Bitti. Foi enviado para Combate Racismo Ambiental por Josimar Nunes Pereira de Freitas, a quem agradecemos. Abaixo, a matéria do G1 ES correspondente ao título desta postagem. [TP].

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Malaguti é acusado por alunos de ter feito declarações preconceituosas. Advogado de professor considerou o afastamento uma medida ‘prudente’.

G1 ES

A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) decidiu, nesta quinta-feira (6), afastar o professor Manoel Luiz Malaguti de todas as atividades acadêmicas por um prazo de 30 dias. Ele é acusado por alunos de ter feito declarações preconceituosas e racistas durante uma aula, na segunda-feira (3). De acordo com a universidade, a decisão visa à preservação das integridades intelectual, emocional e física dos estudantes e do professor.

Na tarde desta quinta-feira, o advogado do professor, Jeronymo Zanandréa, disse que o cliente não foi informado de nenhuma acusação formal e que só depois que isso acontecer ele vai tomar as medidas cabíveis. Com relação ao afastamento, Zanandréa disse que esse é um direito da administração da Ufes e que é a medida mais “prudente”, por enquanto.

Acusação

Alunos da Ufes denunciaram o professor por ter dito frases de caráter racista e preconceituoso durante uma aula, na tarde de segunda-feira (3). De acordo com uma publicação feita pelo Centro Acadêmico Livre de Ciências Sociais da Ufes em uma rede social, o professor teria dito que “detestaria ser atendido por um médico ou advogado negro”, por exemplo. Cartazes com a foto do mestre e com o título “Professor Racista” estão espalhadas pelo campus.

Segundo a Ufes, Malaguti é professor de duas turmas na instituição e dá aulas às segundas e terças-feiras. Desde que foi denunciado por alunos, na tarde de segunda-feira (3), Malaguti não esteve mais em classe, e já havia sido afastado da turma onde aconteceu a discussão, mas continuava com outras atividades, como orientação de monografias.

Ainda de acordo com a instituição, a decisão de afastamento foi tomada pelo  Departamento de Economia da Ufes, que atendeu a uma recomendação do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão e da comissão de sindicância instituída para apurar o caso.

“Ontem, o Conselho de Ensino e Pesquisa e Extensão se reuniu e umas das recomendações à Comissão de Sindicância, que agora é responsável por essa parte inicial da investigação desse caso, era para que ele fosse afastado de todas as atividades acadêmicas, tendo em vista tanto a integridade psicológica e física dos estudantes dos próprios alunos quanto a dele mesmo”, explicou a vice-reitora da instituição, Ethel Maciel.

Durante o período do afastamento, que poderá ser prorrogado por mais 30 dias, não haverá prejuízo de salário para o professor, uma vez que o caso ainda está sob análise da comissão de sindicância. “Pela lei, ele mesmo afastado não tem prejuízo financeiro, dado que ele está em período de suspensão legal”, explicou a vice-reitora.

O Departamento de Economia também já está providenciando um professor para substituir o professor Manoel Malaguti em suas atividades acadêmicas. “A chefe de Departamento já foi notificada e outros professores do Departamento Economia estão assumindo as atividades dele”, disse Ethel.

Outro lado

Nesta quinta-feira (6), o advogado do professor, Jeronymo Zanandréa, explicou que ainda não foi recebida nenhuma acusação formal contra o professor, e que o cliente só irá se manifestar depois que isso acontecer. “Não temos como nos defender de uma acusação que ainda não chegou para nós. O que sabemos é através da imprensa. Estamos esperando para nos pronunciar através dos meios legais para recorrer”, disse.

Sobre o afastamento do professor, o advogado disse que esse é um direito da Universidade e que considera a medida “prudente”.

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