São mais de 200 pessoas, 35 comunidades rurais quilombolas, de diferentes municípios do estado do Maranhão. Há dois dias paralisam a Estrada de Ferro Carajás, quilômetro 81, localizado em Itapecuru-Ma e clamam por justiça e reconhecimento de seus direitos.
Crianças, jovens, adultos e idosos pedem ao Governo Federal a garantia do direito dos quilombolas maranhenses a seus territórios; Cobram da empresa Vale S.A. o direito de consulta em relação à duplicação da Estrada de Ferro Carajás, de concessão da empresa e que atravessa as comunidades quilombolas, causando uma série de impactos.
As comunidades afirmam que a Vale subtraiu parte dos territórios quilombolas sem consentimento de seus verdadeiros donos. A empresa aumentou a presença de observadores no local, fixando veículos a uma distância de 50 m para cada lado dos trilhos. Outros projetos predatórios também ameaçam a autônoma e sobrevivência desses povos na região, a exemplo dos capitaneados pela BB Mendes, Campos Cruz e Fazenda Formiga.
Em pauta de reivindicações enviada à Presidência da República, os quilombolas que ocupam a Estrada de Ferro Carajás consideram desesperador a omissão do Poder Judiciário e do Estado diante de tantas injustiças. Eles pedem a presença de representantes da Casa Civil, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (INCRA), da Fundação Cultural Palmares e da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR).
A Rede Justiça nos Trilhos (JnT) apoia a luta dos quilombolas do Maranhão e acredita que a história desse povo não pode ser prejudicada pela chegada do falso desenvolvimento e da ação de grandes empresas como a mineradora Vale S.A.
Esse povo, que enriquece a cultura maranhense e brasileira não pode ter os seus modos de vida, as suas atividades cotidianas, o toque do tambor, a dança, prejudicadas pela presença de uma estrada de ferro, pelo fluxo contínuo de trens de minério de ferro, pela busca desenfreada pelo lucro, sem nada restar a eles, a não ser a miséria, os impactos ambientais, a truculência e a falta de diálogo.
A Rede se preocupa com a integridade física dos manifestantes tendo em vista que já há uma liminar de reintegração de posse, autorizando o uso de força policial. Consideramos legítimas as reivindicações das comunidades e reforçamos que os problemas mencionados são de conhecimento internacional, por meio do Relatório da Plataforma Dhesca Brasil, publicado em 2013.
Por tudo isso, a Rede Justiça nos Trilhos pede o apoio da sociedade, bem como estudantes, pesquisadores, entidades e movimentos. Fortaleçam a luta dos quilombolas maranhenses, enviando uma mensagem de apoio e assinando essa nota por meio do email: imprensajnt@gmailcom.