A 7ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa reuniu cerca de mil pessoas na orla de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, na manhã deste domingo (21). Debaixo de chuva, os manifestantes, em sua maioria vestidos de branco, empunhavam cartazes contra a intolerância religiosa.
Para a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli Salvatti, a caminhada reuniu adeptos de todas as religiões praticadas no país pelo mesmo objetivo. “O do respeito, da paz, da boa convivência. A caminhada sinaliza a cultura da paz”, comentou Ideli.
Para a ministra, o debate da diversidade religiosa deve ser garantido na rede escolar e defendida pelos comitês regionais. “Além do Comitê Nacional de Diversidade Religiosa, que funciona desde o início do ano, é muito importante que todos os estados brasileiros tenham seus comitês, porque em muitas situações os casos envolvem a estrutura dos governos estaduais, e as denúncias precisam ser feitas às autoridades estaduais e, em algumas situações, às municipais”, comentou.
De acordo com o membro do Conselho Espírita do Rio de Janeiro, Helio Ribeiro Loureiro, a adesão à causa não é suficiente, mas a caminhada ganhou grande visibilidade. “A união de várias religiões favorece o respeito. Essa é uma manifestação pacífica em busca de uma coexistência religiosa no Brasil”, comentou ele. Loureiro lamentou que ainda existam casos de intolerância religiosa, como o de um menino que disse ser espírita e sofreu bullying na escola.
O babalorixá Ivanir dos Santos e interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, disse que o Brasil sempre foi intolerante com as religiões afro-brasileiras. “Na época da escravidão, eram perseguidas, na República, [eram perseguidas] pelo Estado e pela polícia, e ultimamente por alguns setores petencostais”, comentou ele. “Cristo pregou o amor, não o ódio. É uma contradição desses segmentos, pois no fundo isso não tem a ver com o divino, mas com preconceito, ambição, racismo e ignorância”, avaliou.
Ele disse ser vítima de duas ameaças de morte por suas crenças e sua luta, e citou exemplos de discriminação cometidos em escolas públicas, como a de um rapaz judeu que foi desrespeitado por se negar a rezar e de um menino que disse ter sido barrado na escola por usar colares de candomblé.
Segundo o presidente da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro, Jaime Salomão, a intolerância religiosa tem aumentado no mundo devido ao radicalismo de algumas religiões. “Estamos vendo falta de tolerância dentro e fora do Brasil. Por isso temos que estar sempre unidos. Por meio do diálogo e da integração podemos avançar”, comentou.