Se existe uma palavra que pode definir Renato Souto é coragem. A voz mansa e o olhar terno não são capazes de amenizar a insólita realidade que o defensor de direitos humanos insiste em verbalizar. Talvez por acreditar que as palavras sejam capazes de provocar mudanças nas ainda curtas vidas de crianças e adolescentes vítimas de exploração sexual no estado do Amazonas.
Contrariando a lei do silêncio que impera nas pequenas cidades ribeirinhas do norte do Brasil, Renato Souto vem denunciando casos de exploração sexual infantil que envolvem empresários, integrantes do poder público e do próprio Conselho Tutelar. Os corpos esguios e miúdos de meninas com os olhos vazios de esperança não abandonam Renato e não o deixam fraquejar. Mesmo quando as ameaças se tornam cada dia mais frequentes. Para ele, ameaça maior seria viver tendo de fingir não se importar.
Renato Souto é conselheiro do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), tem 38 anos, nasceu em Brasília e vive no Amazonas desde 2007. “Desde muito cedo já sabia dividir, entender a necessidade dos outros e sentir-me bem ajudando como podia. Sempre pensei num mundo melhor, não pouparei energia ao participar de atividades de cunho social”, afirma. Este espírito de luta está presente no terceiro vídeo que a Campanha Somos Todxs Defensorxs apresenta. Nele Renato dá um depoimento impactante sobre a situação das crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual.
Este ano, o defensor elaborou um dossiê no qual denuncia os crimes e os envolvidos. “Nas mãos desses poderes estão o sangue dessas crianças que foram violentadas. E nas mãos dos direitos humanos estão as lágrimas e a esperança dessas crianças”, define Renato.
Somos Todxs Renato Souto
O objetivo da campanha Somos Todxs Defensorxs é dar visibilidade a casos de criminalização de defensoras e defensores, chamando a atenção para os processos de coerção e de violação de direitos de comunidades inteiras e seus porta-vozes, procurando fortalecer a sociedade civil e politizar o debate a respeito da perseguição violenta destes grupos sociais.
A campanha é uma realização de Plataforma de Direitos Humanos – Dhesca Brasil, Movimento Nacional de Direitos Humanos, Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, Justiça Global com apoio do Fundo Brasil de Direitos Humanos.