Comissão Pastoral da Terra – “Ai daqueles que, deitados na cama, ficam planejando a injustiça e tramando o mal! Cobiçam campos e os roubam; querem uma casa e a tomam, assim oprimem ao homem e à sua família!” (Miq 2, 1-2). A CPT vem a público mais uma vez, agora para prestar sua solidariedade às 3.000 famílias de sem terras, ocupantes da fazenda Santa Mônica, e denunciar aqueles que querem expropriar o povo do campo das terras, em vista da acumulação cada vez maior de capital. Veja o documento:
A Coordenação Executiva da Comissão Pastoral da Terra, CPT, vem a público prestar sua solidariedade às 3.000 famílias de sem terra que, no último domingo (31/08), ocuparam a Fazenda Santa Mônica, em Corumbá de Goiás, de propriedade do senador cearense Eunício de Oliveira. Essa ação visa, sobretudo, chamar a atenção da sociedade brasileira sobre uma realidade cada vez mais recorrente da concentração da propriedade da terra em nosso país. Segundo manifestações dos que ocuparam a terra, são constantes as denúncias das formas mais absurdas utilizadas pelo senador para cada vez incorporar mais áreas à sua propriedade.
Quem anda pela região de Corumbá de Goiás, escuta de todos os lados que o senador já é dono de mais da metade do município. A Fazenda Santa Mônica é apenas uma entre os muitos imóveis rurais em nome do senador. Na declaração de bens apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral, neste ano, constam 88 imóveis rurais em Goiás, quase todos em Corumbá de Goiás. Na declaração anterior (2010), o numero declarado era de 72 propriedades. Em quatro anos, 16 novas propriedades foram incorporadas ao seu patrimônio. E chama a atenção o valor declarado das mesmas. A Santa Mônica, apesar de ter 21 mil hectares, tem seu valor declarado como de apenas R$ 386.720,00. Outros imóveis tem um ínfimo valor declarado, a partir de R$ 746,27, o valor de um deles, passando por outros de R$ 1.000,00, 1.500, 2.000… O total do patrimônio declarado do atual candidato ao governo do Ceará é de R$ 99.022.714,17, o mais rico entre todos os candidatos a governador. Se considerarmos que na declaração de bens de 2010, o valor declarado foi de R$ 36.737.673,19, temos em quatro anos uma aumento razoável de 170% no seu patrimônio!
O Senador goza do apoio das autoridades locais. Por isso não estranham as últimas decisões do juiz Levine Raja Gabaglia Artiaga. Quinze dias antes da ocupação, em ação de reintegração de posse, ele “determina que o MST se abstenha de esbulhar ou turbar ou invadir as terras da Fazenda Santa Mônica”. Ocupação efetuada, no dia seguinte emite liminar de reintegração de posse. Recebeu os autos do processo, às 12h38 de 1/9/2014, e um minuto depois, às 12h39, já estavam assinados e remetidos à escrivania. Ainda há gente que diz que a justiça é morosa!
A Coordenação da CPT pede às autoridades competentes, Justiça Federal, Polícia Federal e outras, uma investigação séria e profunda do crescimento do patrimônio de um cidadão que, em quatro anos, quase triplica seus bens, e dos métodos utilizados para isto.
As palavras do profeta Miquéias se encaixam perfeitamente nesta realidade: “Ai daqueles que, deitados na cama, ficam planejando a injustiça e tramando o mal! É só o dia amanhecer, já o executam, porque eles têm o poder em suas mãos. Cobiçam campos e os roubam; querem uma casa e a tomam, assim oprimem ao homem e à sua família, ao proprietário e sua herança!” (Miq 2, 1-2).
Goiânia, 3 de setembro de 2014.
A Coordenação Executiva Nacional