Polícia de SP mata sempre nos mesmos lugares: nos mais pobres

Ilustração: Junião / Ponte Jornalismo
Ilustração: Junião / Ponte Jornalismo

Zonas leste e sul da capital são os lugares onde mais ocorreram mortes durante intervenções policiais nos primeiros semestres de 2013 e 2014

Por William Cardoso, em Ponte

A polícia mata sempre no mesmo lugar: perto dos mais pobres. É o que mostram os mapas feitos pela Ponte com supostos confrontos mortais envolvendo agentes de segurança do estado, na capital paulista, nos primeiros semestres de 2013 e 2014. Os dados foram obtidos pela Lei de Acesso à Informação. (mais…)

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“A intolerância racial mostra a falência da escola”, analisa historiador

Goleiro Aranha, vítima de racismo durante jogo entre Santos e Grêmio
Goleiro Aranha, vítima de racismo durante jogo entre Santos e Grêmio

Por Louise Rodrigues*, no Jornal do Brasil

O preconceito racial voltou a ser assunto essa semana nas redes sociais e na mídia. Em cinco dias, foram divulgados massivamente três casos de racismo. Na quarta-feira (27), ganhou repercussão a história de um casal de Muriaé (MG) que publicou uma foto nas redes socias. A menina, negra, foi alvo de comentários com conteúdo racista, como “onde comprou essa escrava? Me vende ela”, “parece até que tão (sic)… na senzala”, “seu dono?”, “tipo assim tia, eu acho que você roubou o branco para tirar foto”. Na quinta-feira (28), o goleiro do Santos, Aranha, foi vítima de xingamentos racistas por parte da torcida do Grêmio, durante o jogo entre os clubes, em Porto Alegre. Na sexta-feira (29), um rapaz negro foi acusado de roubo em um shopping em Salvador (BA). Revoltado, ele se despiu e abriu sua mochila, enquanto os seguranças insistiam no crime. Nada foi encontrado com ele.

O historiador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Francisco Carlos Teixeira, faz uma constatação: “51% da população brasileira é formada por negros e mestiços. Ou seja, o preconceito racial atinge a estrutura da sociedade”. Ele acredita que os 500 anos de escravidão estão ligados ao racismo, mas ressalta que “a abolição foi em 1888, estamos em 2014”. Para Francisco existem dois fatores fundamentais para a existência do racismo: a escola e a ascensão das classes mais baixas.

Ele explica dizendo que “a intolerância racial mostra a falência da escola. O que se vê nas escolas públicas é que não existe convivência entre as diferenças. Os programas escolares também estão errados porque não estão conseguindo fazer com clareza o processo que construiu esse país. Não existe convívio entre diferentes. O currículo escolar está mal feito. A escola não está formando pessoas menos racistas do que há 50 anos. É preciso que a escola ensine. Enquanto houver uma escola para o pobre negro e outro para a elite branca, não haverá respeito à diversidade”. (mais…)

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