Reunidas em uma das mais amplas e plurais comitivas que já cruzou o Oceano Atlântico, lideranças indígenas do Brasil estarão em Portugal, na próxima semana, para partilhar experiências e fortalecer, em nível internacional, as suas lutas em prol da garantia de direitos (terra, saúde etc.)
ArpinSul – Representantes dos povos Guajajara, Macuxi, Munduruku, Terena, Taurepang, Tukano, Yanomami e Maya estarão presentes no Colóquio Internacional “Território, Interculturalidade e Bem-Viver: as lutas dos povos indígenas no Brasil”, que será realizado no dia 24 de junho, no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra (UC), organizado no âmbito do Projeto ALICE – Espelhos Estranhos, Lições Imprevistas, em parceria com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
Coordenadora executiva da APIB, Sonia Guajajara avalia que “o mundo vive um momento de mudanças incrivelmente desumanas” e que “o modelo de desenvolvimento atual desrespeita, desconsidera e pisoteia quem ousar não se inserir nesse contexto”. “Nós, povos indígenas, vivemos um momento dramático de ameaças, retrocessos, violações de direitos e violências brutais. Um dos caminhos para seguirmos na luta é fazer esse enfrentamento político e internacionalizar as discussões para dar visibilidade à situação real que vivemos no Brasil”.
“Há mais de cinco séculos, o colonialismo, fortemente associado desde o seu nascedouro ao que se produz nos centros de produção de conhecimento virados ao ‘Norte’, vem reservando aos indígenas uma condição de povos supostamente ‘incapazes’ e ‘inferiores’. Para o Projeto ALICE, que se dedica às chamadas ‘epistemologias do Sul’ – ou seja, às alternativas ao modelo colonial, capitalista e patriarcal -, os povos indígenas são sujeitos plenos de lutas cruciais para toda humanidade, bem como detentores e praticantes de conhecimentos que desafiam a ordem estabelecida”, reflete o sociólogo Boaventura de Sousa Santos, coordenador do ALICE, diretor do CES e anfitrião do colóquio.
Os debates se darão em três módulos (veja programação completa e faça a inscrição gratuita para o evento). O primeiro, pela manhã, tratará do modelo de desenvolvimento neoextrativista brasileiro e das lutas pela terra e pelo bem-viver. O segundo, que abre os trabalhos da tarde, enfoca a saúde indígena e a interculturalidade. Já o terceiro se dedicará às questões de gênero e, mais particularmente, à saúde da mulher indígena.
Para Telma Marques, do Povo Taurepang e secretária do Movimento de Mulheres do Conselho Indígena de Roraima (CIR), a presença “além-mar” é uma oportunidade de “trazer para sociedade a conscientização acerca da importância do respeito quanto à garantia dos nossos direitos indígenas, que vêm sendo violados há 514 anos”. O colóquio também deve ajudar, continua Telma, a “fortalecer a nossa luta e fazer o Estado brasileiro entender definitivamente que a terra é a nossa vida e a das futuras gerações”.
Lideranças indígenas confirmadas:
– Sonia Bone Guajajara (Povo Guajajara – Coordenadora Executiva da APIB)
– Josias Manhuary Munduruku (Povo Munduruku)
– Jacir José de Souza (Povo Macuxi)
– Luis Henrique Eloy Amado (Povo Terena)
– Dário Vitório Kopenawa Yanomami (Povo Yanomami)
– Maximiliano Correa Menezes (Povo Tukano)
– Paulino Montejo (Povo Maya – Assessor da APIB)
– Telma Marques da Silva (Povo Taurepang)
– Maria Leusa Munduruku (Povo Munduruku)
Abertura e encerramento:
Boaventura de Sousa Santos
Colóquio Internacional
Território, Interculturalidade e Bem-Viver: As Lutas dos Povos Indígenas no Brasil
Data: 24 de junho de 2014
Local: Centro de Estudos Sociais (CES) – Sala 1
Universidade de Coimbra (UC)
Horário: 9h às 19h
Inscrições gratuitas em: http://bit.do/coloquioindigenas
Haverá transmissão ao vivo (via streaming), na página do Projeto ALICE (www.alice.ces.uc.pt) a partir das 9:00 AM de Portugal (UTC/GMT 1)