Aquela, em Itaquera, não era a torcida brasileira. Nem de longe, por Leonardo Sakamoto

por Leonardo Sakamoto

Quem está acostumado a ir em estádios em jogos da série A e B do campeonato brasileiro (sou palmeirense, não desisto nunca), em caneladas de campos de várzea com esquadras de brasileiros e bolivianos ou se lembra do saudoso Desafio ao Galo, estranha quando vê as arquibancadas praticamente monocromáticas da Copa do Mundo.

Por favor, não me leve a mal. Todos têm direito a se divertir.

Mas como temos mais brancos ricos do que negros ricos por aqui (fato totalmente aleatório uma vez que não somos racistas) era de se esperar que isso acontecesse. Ainda mais, considerando-se a facada que pode ser um ingresso diretamente com a Fifa ou via a sagrada instituição do camelô.

Ouvindo o rádio, o locutor cravou: “Olha que maravilha! É a família brasileira voltando para os estádios”. Na verdade, um tipo específico de família, a de comercial de margarina. Pois os jogos de Copa são um momento em que o tecido espaço-tempo se rasga e tudo ganha caras de universo paralelo – regado a muito dinheiro público e ação pesada para manter as “classes perigosas” longe. Na dúvida, bomba nelas.

Particularmente acho que a consequência imediata mais nefasta da presença de uma torcida que não frequenta estádios regularmente é que ela não empurra o time como necessário. (mais…)

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“Transposição do São Francisco não democratiza a água no semiárido”

Obras da transposição do Rio São Francisco (Foto: Bobby Fabisak/ JC Imagem)
Obras da transposição do Rio São Francisco (Foto: Bobby Fabisak/ JC Imagem)

Coordenador da ASA, rede que reúne organizações da sociedade civil voltadas para o semiárido afirma que o custo bilionário da obra poderia ser revertido para outras ações. Governo contesta afirmações

por Paloma Rodrigues, na RBA

Obra mais cara do Programa de Aceleração do Crescimento, o projeto de integração do rio São Francisco acumula anos de atraso. As obras foram iniciadas em 2007, com o objetivo de levar água para 390 municípios do semiárido nordestino, mas as previsões de entrega do eixo norte (em 2010) e do eixo leste (2012) não se concretizaram. Hoje, a transposição segue sendo uma zona desconfortável para o governo federal, que sofre críticas não apenas pelo atraso, mas pela realização da obra.

O governo reconhece os problemas. Neste mês, em visita ao município de Jati, no Ceará, a presidenta Dilma Rousseff afirmou que o governo subestimou a complexidade do projeto, mas afirmou que “em nenhum lugar do mundo em dois anos é feita uma obra dessa dimensão”. Dilma prometeu a finalização do projeto até 2015. (mais…)

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Convite à polêmica: “Lições do ‘Ei, Dilma, vai tomar…'”

Na tela da TV Globo, Joseph Blatter, Dilma Roussef e sua filha, Paula, em um dos momentos em que a presidenta foi xingada
Na tela da TV Globo, Joseph Blatter, Dilma Roussef e sua filha, Paula, em um dos momentos em que a presidenta foi xingada

Que lições Dilma vai levar de humilhação mundial que sofreu na abertura da Copa? Continuará priorizando os que a agrediram ou quebrará alguns ovos?

Por Lino Bocchini, em Carta Capital

Todo mundo viu. Literalmente todo O mundo. Centenas de milhões assistiram ao vivo um estádio com 62 mil pessoas gritar: “Ei, Dilma, vai tomar no cu!”. Desculpem escrever o palavrão, mas é necessário mostrar a gravidade do que ocorreu. Dilma também viu e ouviu, várias vezes. Na transmissão da Globo o coro invadiu o áudio pelo menos três vezes.

Em um evento como o desta quinta 12, vaias a mandatários são comuns, quase a praxe. O que aconteceu em São Paulo na abertura da Copa do Mundo, contudo, foi além. Não foi uma vaia, como na abertura da Copa das Confederações, em Brasília. Foi uma monumental grosseria made in Brazil. Uma falta de educação abissal e carregada de simbolismo. A plateia que pagou até R$ 990 para estar ali xingando Dilma, e os mais ricos e famosos não pagaram nada. Zero. Estavam, como por exemplo Angélica e Luciano Huck, na área VIP.

E o que Dilma achou disso, o que pensou antes de dormir?

Difícil saber como Dilma registrou essa agressão, mas espero que tire uma lição do que presenciou em Itaquera.

Não faz o menor sentido continuar governando prioritariamente para essas pessoas. E não é uma questão de “gratidão”, nada disso. Dilma é, claro, a presidenta de todos os brasileiros. Mas não se justifica o número de concessões e agrados que ela se obriga a fazer para poderosos em geral, sejam eles do agronegócio, evangélicos fundamentalistas, banqueiros ou donos de redes de televisão. (mais…)

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Povo Xokleng ainda luta pelo cumprimento de um acordo de 1992

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Foto: Woia Patte

Elaine Tavares – Palavras Insurgentes

A história do povo Xokleng em Santa Catarina vem do princípio dos tempos, mas o processo de destruição da cultura e da vida desse povo antigo começou em 1771, quando os tropeiros paulistas fincaram as primeiras povoações na região de Lages, expulsando os indígenas. Mais tarde, a chegada dos imigrantes daria novo impulso ao extermínio. Os conflitos com os brancos eram inevitáveis, uma vez que estavam tomando suas terras. Chamados de “bugres”, eles passaram a ser caçados como bichos e vendidos como escravos. Terminado o tempo da escravidão, mas já com sua população bastante diminuída, os Xokleng começaram a ser, então, “civilizados”. A lógica governamental era a de integrar os indígenas, mas o caminho que escolheram para isso foi o do confinamento em reservas. O processo conhecido como “pacificação” só foi bom para os brancos.

Desde aí, o povo Xokleng vem resistindo como pode.  Como conta o professor José Cuzung Ndilli,  na tal da “pacificação” muitos morreram – por doença ou violência – sobrando míseras 120 almas que, a duras penas, geraram filhos e ainda mantêm as tradições originárias. Mas, a batalha por uma terra própria, capaz de garantir a sobrevivência das famílias é muito semelhante a da maioria dos povos indígenas do Brasil. Tem de ser travada todos os dias e contra todos os interesses. Passados séculos da invasão que lhes tirou o território, eles ainda precisam se levantar em rebelião cada vez que precisam defender um direito básico. (mais…)

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“Da copa de uma árvore… o lado nada glamuroso do mundial da Copa!”

josé guajajara - tereza amaral

Por Tereza Amaral com Flávio Bittencourt, em Amazônia Legal em Foco

José Guajajara. O resistente guerreiro da emblemática foto em cima de uma árvore em protesto contra a destruição da Aldeia Maracanã, em dezembro passado, por conta do Mundial é o nosso entrevistado.

E sem seguir seguir padröes jornalísticos numa forma de subversão ao tratamento da mídia. A Imprensa não noticiou o verdadeiro significado da destruição do chão sagrado de varias etnias em detrimento de seis jogos que serão realizados no Rio de Janeiro.

Urutau foi o nome dado ao guerreiro pelo avô* da etnia Tenetehar-Guajajara. Trata-se de uma espécie de coruja com hábitos noturnos e com vários significados na região amazônica e do cerrado, tais como Ave Fantasma, Mãe da Lua, dentre outros. Leia entrevista com o guerreiro que nasceu na Aldeia Lagoa Comprida, no município de Barra do Corda no estado do Maranhão: (mais…)

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Refletindo sobre a abertura da Copa do Mundo no Brasil, por Jorge Eremites de Oliveira*

Por Jorge Eremites de Oliveira*

A abertura da Copa do Mundo no Itaquerão não agradou a muitas pessoas, mas mostrou muito bem o que tem sido criticado no Brasil e mundo afora: um misto de incompetência, mal gosto, malversação de recursos e despesas exorbitantes por parte da FIFA e dos organizadores locais do evento. Com tantos carnavalescos e outros talentos brilhantes no país e foram chamar no exterior alguém para organizar o espetáculo da abertura, inclusive com uma espécie de versão cover do Trio Los Angeles? Uma escola de samba de São Paulo ou do Rio de Janeiro faria muito melhor e mais bonito neste aspecto, sem precisar de dublagem ou outro artifício do tipo.

Para complicar ainda mais, a arbitragem favoreceu a Seleção Brasileira com erros grotescos. Definitivamente isso não era necessário porque temos uma boa equipe, somos favoritos ao título e jogamos em casa com apoio da torcida. Foi dessa forma que o Flamengo ganhou o último campeonato fluminense e ainda teve torcedor dizendo que “roubado é mais gostoso”. Foi então que me lembrei da Copa de 1978, quando as seleções da Holanda e do Brasil foram prejudicadas e com isso a Seleção Argentina sagrou-se campeã para delírio de grande parte da população e da ditadura militar daquele país.

Por outro lado, é bonito ver tantos brasileiros/as de verde e amarelo torcendo pela seleção e ainda tendo uma postura crítica em relação a tudo de errado que aí está. Prova disso é a bronca coletiva que a própria Dilma tomou de torcedores presentes no Itaquerão. Se fossem falar alguma coisa na abertura da Copa, certamente que ela e o presidente da FIFA, Joseph Blatter, seriam sonoramente vaiados. Foi-se o tempo que o futebol era o ópio do povo brasileiro. (mais…)

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Fifa proíbe bombeiros de fazer última vistoria e Arena das Dunas não tem laudo de liberação

A Arena das Dunas, em Natal. Os bombeiros não puderam fazer uma última vistoria no estádio, que recebe nesta sexta-feira a partida entre México e Camarões - Dylan Martinez / Reuters
A Arena das Dunas, em Natal. Os bombeiros não puderam fazer uma última vistoria no estádio, que recebe nesta sexta-feira a partida entre México e Camarões – Dylan Martinez / Reuters

Tenente responsabiliza a Fifa em caso de acidente em México x Camarões

Sanny Bertoldo – O Globo

NATAL – A Arena das Dunas, palco de México x Camarões, às 13h desta sexta-feira, não foi liberada pelo Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Norte. O tenente Christiano Couceiro, responsável pela vistoria, disse que a Fifa proibiu a corporação de fazer uma última inspeção no estádio pela manhã, horas antes da partida. Segundo Couceiro, a alegação da Fifa é de que após a inspeção antibombas realizada pela Polícia Federal, na véspera, não é mais permitida a entrada de pessoas na arena antes da circulação do público e dos torcedores. O tenente responsabilizou a Fifa em caso de acidente na arena.

– Nós nos prontificamos a voltar nesta sexta às 9h, mas fomos informados que depois da varredura antibombas da Polícia Federal, feita ontem (nesta quinta-feira), ninguém mais poderia entrar na arena até o horário do jogo. Nós solicitamos mais segurança em alguns pontos. Vimos que operários estavam trabalhando ontem, então, acho que podem ter consigo fazer tudo. Ontem, 99% dos assentos estavam fixados. No geral, achamos que 95% do estádio estavam de acordo com as normas de segurança – disse, por telefone, Couceiro, responsável pela vistoria. (mais…)

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Como o mal-estar se exprimirá depois da Copa? Entrevista especial com Rodrigo Nunes

Foto: geoarmando.blogspot.com.br
Foto: geoarmando.blogspot.com.br

“A Copa é simbólica porque, vendida como algo em que ‘todo mundo ganha’, na verdade é um processo em que alguns perderam tudo, para que uns poucos ganhassem muito, de forma que outros mais pudessem ganhar algo”, frisa o filósofo

IHU On-Line – Na semana em que se inicia a Copa do Mundo no Brasil, depois de tantas manifestações em torno dos protestos “Não vai ter copa”, “poucos realmente chegaram a crer que seria possível impedir a realização do torneio”, avalia Rodrigo Nunes em entrevista à IHU On-Line, concedida por e-mail. Com tanto dinheiro empenhado no mundial, acentua, era difícil que o evento “não fosse em frente, nem que se tivesse — como estamos vendo — que botar as Forças Armadas na rua”.

Entretanto, o fato de a Copa ter sido marcada por inúmeros protestos sinaliza que parte da população estava dizendo: “não contem conosco para sermos figurantes felizes numa festa que sabemos não ser nossa. As pessoas recusaram o papel que lhes fora dado naquela narrativa”, diz o pesquisador. Para ele, o movimento “Não vai ter Copa” “era performativo: o simples fato de ser dito por milhares de pessoas já o tornava real. Por quê? Porque este tipo de evento é construído em cima da ideia de uma unidade indivisa: a Copa é boa para o país, é uma grande oportunidade para o Brasil, será uma grande festa para todos… Mas, claro, a verdade não é bem assim. A Copa é um grande negócio para um grupo muito restrito: a FIFA — que é literalmente impedida por lei de ter prejuízo, segundo a legislação que ela impõe aos países-sede —, os patrocinadores, as construtoras, etc”.

E acrescenta: “Para as 250 mil pessoas que foram ou seguem ameaçadas de serem expulsas de suas casas, para os familiares e amigos dos trabalhadores mortos, para os trabalhadores vivos que enfrentam condições laborais perversas, para os moradores ou vendedores de rua atingidos pela higienização das cidades, ela foi catastrófica”. (mais…)

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Mais uma criança indígena morre com suspeita de H1N1 em Vilhena, RO

Com medo do vírus H1N1, algumas pessoas usaram máscas para ir ao posto de saúde em Vilhena RO (Foto: Jonatas Boni/G1)
Com medo do vírus H1N1, algumas pessoas usaram máscas para ir ao posto de saúde em Vilhena RO (Foto: Jonatas Boni/G1)

Segundo Secretaria de Saúde, vítima era do município de Comodoro, MT. Moradores foram aos postos de saúde procurando pela vacina.

Por Jonatas Boni, G1 RO

A coordenação de epidemiologia do município de Vilhena (RO) registrou nesta quinta-feira (12) a morte de mais uma criança indígena com suspeita de contaminação da influenza H1N1. E por conta dos casos suspeitos registrados no município, centenas de pessoas estão procurando os postos de vacinação para serem imunizadas.

De acordo com o coordenador da atenção básica do município, a criança, internada há cerca de uma semana no Hospital Regional, estava dentro dos 34 casos notificados com suspeita da gripe que aguardam resultado do Laboratório Central de Saúde de Rondônia (Lacen). A vítima era do município de Comodoro (MT), foi internada em Vilhena e transferida para Porto Velho, na terça-feira (10). No entanto, houve um agravo no quadro de saúde e morreu. A idade da paciente não foi informada. (mais…)

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Cientistas pedem a suspensão dos transgênicos em todo o mundo

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Fonte: http://bit.ly/1ko1zyt

IHU On-Line – Carta aberta de cientistas de todo o mundo a todos os governos sobre os organismos geneticamente modificados (OGM).

– Os cientistas estão extremamente preocupados com os perigos que os transgênicos representam para a biodiversidade, a segurança alimentar, a saúde humana e animal, e, portanto, exigem uma moratória imediata sobre este tipo de cultivo em conformidade com o princípio da precaução.

– Eles se opõem aos cultivos transgênicos que intensificam o monopólio corporativo, exacerbam as desigualdades e impedem a mudança para uma agricultura sustentável que garanta a segurança alimentar e a saúde em todo o mundo.

– Eles fazem um apelo à proibição de qualquer tipo de patentes de formas de vida e processos vivos que ameaçam a segurança alimentar e violam os direitos humanos básicos e a dignidade. (mais…)

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