As perigosas iscas do autoritarismo

Igor Moreira*

Quando milhões de pessoas foram às ruas em 2013, a primeira reação dos autoritários encrustados em mídias, governos, tribunais e aparelhos de segurança foi reprimir brutalmente as manifestações civis, não dar ouvidos ou visibilidade às demandas sociais e políticas que elas traziam, não condenar os abusos e violências contra cidadãs/os.

Diante da hegemonia momentânea de movimentos sociais que atordoaram a grande mídia e acuaram governos, vendo o povo apoiar os manifestantes apesar de toda campanha contrária, o autoritarismo jogou sua primeira isca: plantar o ódio através da violência policial e da manipulação. É óbvio que cansados de apanhar e ser caluniados, alguns manifestantes reagiriam. A mídia televisiva apostou então na narrativa da violência –horas de manifestações mal aparecem, não se ouve as palavras de ordem, mal se vê as faixas, a interação com os transeuntes, nada disso. Mas há espaço farto para os confrontos desencadeados pelas dispersões violentas empreendidas pelas polícias. Com certeza se gastou mais com gás lacrimogênio do que com muitas políticas sociais. E em meio à fumaça a mídia “cria” os blackblocs – até então irrelevantes em número e influência. Muitos jovens indignados morderam a isca, vestiram-se de preto e entraram no jogo de falar pela violência, já que as palavras são ignoradas. Finalmente a Globo conseguiu influenciar os rumos do processo e sua base foi justamente os “blackblocs”. Mesmo quando quem reagia à violência policial não tinha nada a ver com as ideologias que adotam tal tática, todos foram assim rotulados, inclusive os policiais infiltrados flagrados a jogar coquetéis molotovs. (mais…)

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Petrobras faz pesquisa no entorno de terras indígenas do Amazonas sem consultar a Funai

Indígena paumari pode sofrer impacto causado pela prospecção. Foto: Oiara Bonilla/Arquivo Pessoal
Indígena paumari pode sofrer impacto causado pela prospecção. Foto: Oiara Bonilla/Arquivo Pessoal

Elaíze Farias – Amazônia Real

A Petrobras iniciou há pouco mais de uma semana atividades de prospecção de gás e petróleo entre os rios Tapauá e Cuniuá, afluentes do rio Purus, município de Tapauá (a 448 quilômetros de Manaus), no sul do Amazonas. A região da pesquisa está no entorno de sete terras indígenas, sendo que em duas vivem índios isolados e semi-isolados. (mais…)

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Contaminantes emergentes na água: “A cada ano temos mais de mil novas substâncias sendo introduzidas no nosso dia a dia”. Entrevista especial com Wilson Jardim

Foto: Unicamp
Foto: Unicamp

“Verificamos que as capitais costeiras apresentaram uma água de abastecimento de melhor qualidade quando confrontadas com águas de capitais localizadas no interior do país. Uma das explicações para este fato seria que as capitais costeiras lançam seu esgoto no mar, impactando bem menos os mananciais”, diz o pesquisador

IHU On-Line – Análise recente da água de 20 capitais brasileiras demonstra que há altos índices de contaminantes emergentes, substâncias “não legisladas”, presentes na água utilizada para consumo. Entre os contaminantes, foram encontrados fármacos, produtos de higiene pessoal, hormônios naturais e sintéticos, agentes antichamas, protetores solares, nanomateriais e pesticidas. O coordenador da pesquisa, Wilson Jardim, professor do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, explica que existem mais de mil substâncias que se encaixam nessa categoria e que, “nas últimas décadas, por uma série de fatores, como padrão de consumo, falta de saneamento e adensamento populacional, entre outros, aumentaram sua concentração no ambiente e podem fazer com que a exposição humana a elas seja preocupante”.

Jardim assinala que ainda não é possível identificar como os contaminantes emergentes afetam o equilíbrio do sistema hormonal dos seres vivos e essa falta de informação é “preocupante”, porque já foram identificados casos de mudanças hormonais em algumas espécies. “Há inúmeras evidências relatando a feminização de peixes e répteis em rios que recebem cargas elevadas de esgoto sanitário. (mais…)

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Reforma reduz necessidade de novas hidrelétricas, diz estudo

O Brasil poderia ganhar a capacidade de produzir mais 11.000 MW de potência elétrica sem construir uma única nova usina, apenas reformando e aproveitando espaços já existentes em hidrelétricas já instaladas, mostra a dissertação de mestrado “Potencial de repotenciação de usinas hidrelétricas no Brasil e sua viabilização”, defendida pela engenheira Elisa de Podestá Gomes na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp. Esse número se aproxima da potência instalada total prevista para a Usina de Belo Monte, no Rio Xingu, de 11.233 MW

Carlos Orsi – Jornal da Unicamp

“Na realidade brasileira ainda há espaço para a instalação de novas usinas hidrelétricas, sujeitas, evidentemente, a pressões e exigências socioambientais crescentes. Por outro lado, a repotenciação de usinas hidrelétricas existentes tem sido muito pouco explorada até o momento. Tratam-se de duas abordagens alternativas, porém complementares, no atual contexto brasileiro. É claro que, quanto mais obras de repotenciação forem realizadas, mais se posterga a necessidade de construção de algumas novas usinas”, escreve a autora na conclusão de seu trabalho.

“Repotenciação” é uma reforma da estrutura de geração energética de uma usina hidrelétrica, com a substituição de tecnologias ultrapassadas por alternativas modernas. “Quando uma usina opera há muitos anos, mais de 20, 30, 40 anos em funcionamento, seus componentes se desgastam”, explicou Elisa ao Jornal da Unicamp. Depois de algum tempo, é preciso trocar os principais componentes da usina, e pelo fato de a tecnologia atual ser mais desenvolvida do que quando a usina foi construída, em vez de apenas fazer uma manutenção, é possível aprimorar seu desempenho. “O objetivo é sempre conseguir condições melhores. Tornar a usina melhor do que era, em questões técnicas e na produção de potência e/ou energia para o Sistema Interligado Nacional”. (mais…)

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Vereadores decidem mudar nome de Unidade de Saúde Indígena Pankará (PE)

thumbPor Renato Santana,

de Brasília (DF)

CIMI – Carnaubeira da Penha, no sertão pernambucano, está entre os mais baixos perfis no Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) do país, ocupando a 4786ª posição no ranking de 5.565 cidades. Com população pouco acima de 11 mil habitantes, de acordo com o censo do IBGE de 2010, a cidade está aquém de 85,98% dos municípios brasileiros.

Porém, os vereadores de Carnaubeira parecem mais preocupados com questões federais, longe da competência delegada pela Constituição ao legislativo municipal, e à revelia de necessidades básicas da população por saneamento, educação e saúde, cujos indicadores estão abaixo da média nacional. (mais…)

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Gestores de promoção da igualdade racial discutem implementação do Sinapir

Sistema visa organizar e articular implementação de políticas e serviços para superação de desigualdades étnicas
Sistema visa organizar e articular implementação de políticas e serviços para superação de desigualdades étnicas

O tema será abordado através de videoconferência gerada hoje (26/02), a partir de Brasília para todos os estados. Participação será direciona a gestores de promoção da igualdade racial, responsáveis pela condução do processo de implementação do Sinapir nos estados e municípios

SEPPIR – Gestores municipais e estaduais de todo o país participam hoje (26/02), às 15h, de uma videoconferência sobre a implementação do Sistema de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir). A ministra Luiza Bairros (Igualdade Racial) fará a abertura da atividade, cuja geração acontece a partir do auditório do Ministério da Educação, em Brasília, neste link. (mais…)

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50 anos do golpe: Legados da ditadura que moldaram o Brasil contemporâneo

28_eventO golpe brasileiro ainda não foi suficientemente acusado. O Brasil é o único país sul-americano onde torturadores nunca foram condenados. Não houve justiça de transição

De 26.02.2014 a 03.04.2014 – FFLCH | USP

Em 2008, passados 20 anos da promulgação da Constituição vigente, pesquisadores reuniram-se na USP com o objetivo de discutir as heranças autoritárias deixadas pelo regime civil-militar de 1964. A pergunta que se formulou na ocasião e que batizaria o livro dela decorrente, “O que resta da ditadura?”, ensejou que fossem postas em questão as formas encontradas pela ditadura para permanecer em nossa estrutura jurídica, nas práticas políticas, na violência cotidiana e em nossos traumas sociais.

Seis anos se passaram, mas a questão não só permanece como se coloca de maneira mais urgente. O fato, entretanto, não se deve à mera proximidade da data histórica em que o golpe completa 50 anos. Por um lado, assistimos nesse entretempo a repugnante intensificação da violência de Estado, que, se jamais foi completamente extinta, tornou-se escancarada pela resposta dada às manifestações populares que tomaram as ruas desde junho. Por outro, tomaram corpo desde então, como prova a proliferação de Comissões da Verdade em diversas instituições brasileiras, esforços notáveis em revolver o solo de brutalidade política em que se assenta nossa experiência contemporânea. (mais…)

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Em carta, ONU cobra explicações do Brasil por ‘uso excessivo’ de força policial

Entidade diz estar 'profundamente preocupada' diante da reação das autoridades. Epitácio Pessoa/Estadão
Entidade diz estar ‘profundamente preocupada’ diante da reação das autoridades. Epitácio Pessoa/Estadão

Documento enviado em meados de 2013 não havia sido respondido oficialmente pelo governo brasileiro até o dia 1º de fevereiro

Jamil Chade – O Estado de S. Paulo

GENEBRA – Em uma comunicação sigilosa, a Organização das Nações Unidas (ONU) cobrou explicações do Brasil por causa do “uso excessivo de força policial”, afirmou estar “profundamente preocupada” e denunciou supostas violações de direitos humanos por parte das autoridades para conter as manifestações ainda em meados de 2013. Mas até o dia 1º de fevereiro deste ano, a queixa da ONU sequer foi respondida oficialmente pelo governo brasileiro.

Em uma carta que estava sendo mantida em sigilo enviada por relatores das Nações Unidas ao governo de Dilma Rousseff, a entidade denunciou supostos abusos e pediu que explicações fossem dadas. Na carta de 26 de junho de 2013, a ONU aponta para “o suposto uso excessivo de forças policiais contra manifestantes”. “A polícia teria usado gás lacrimogêneo e balas de borracha para lidar com as manifestações, além de ter prendido dezenas de pessoas”, indicou. (mais…)

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Nota do Projeto Ymyrapytã/CRDH sobre o Caso de desaproriação da Comunidade de Rio Tinto

Após 11 Anos, Liminar De Reintegração De Posse No Estado Da Paraíba Volta A Ser Discutida

Conflito em área de proteção ambiental ameaça comunidade composta por ribeirinhos, agricultores e pequenos criadores de animais da barra do Rio Mamanguape.

A Ação de Reintegração de Posse n° 2003.82.00.008221-0, iniciada no ano de 2003, e cujo trâmite judicial se encontrava estagnado há quase 10 (dez) anos, foi retomada em Janeiro de 2014 e tem audiência marcada para o dia 26 de Fevereiro de 2014.

Os autores da ação inicial são representantes de um grupo italiano que pretende explorar a atividade da carcinocultura na região, afirmam serem possuidores daquelas terras que se localizam no município de Rio Tinto- PB apresentando apenas um contrato de promessa de compra e venda com uma Usina da região.

Na área pretendida pelo grupo residem famílias que daquela terra retiram seu sustento há mais de 40 (quarenta) anos. Desde 1993 a área também é local de proteção ambiental e atualmente está em curso a construção do plano de manejo da região. (mais…)

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História da Polícia Militar do Rio de Janeiro Parte I: Primórdios do século XIX

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Essa é a primeira parte de uma série de quatro artigos sobre a história da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Por Patrick Ashcroft*, em Rio On Watch

Para que possamos entender a essência das atuais forças policiais do Brasil, é preciso rever as suas origens e o contexto em que elas originalmente surgiram. Em 1808, ameaçada pela iminente invasão de Napoleão Bonaparte, a família real portuguesa decidiu se mudar para o Rio de Janeiro, trazendo consigo sua Corte com cerca de 15.000 pessoas. A lei no Rio de Janeiro era até então mantida por guardas ou vigias não armados, que eram escolhidos pela prefeitura e pelos quadrilheiros ou “agentes policiais do bairro” apontados por juízes locais. No entanto, a chegada de uma monarquia logo exigiu uma força policial mais organizada. (mais…)

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