A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), principal entidade de articulação dos Povos Indígenas da Amazônia Brasileira, vem a público manifestar seu apoio aos povos indígenas Tenharin e Parintintin dos municípios de Humaitá, Apuí e Manicoré face aos recentes acontecimentos de incitação a violência física, preconceitos de toda ordem e de restrição aos direitos de ir e vir destes cidadãos indígenas brasileiros. A COIAB repudia publicamente toda e qualquer manifestação indígena ou não indígena que venha a diminuir ou afetar os direitos de qualquer cidadão brasileiro em ter sua integridade física ameaçada por situações que poderiam ter sido evitados pelo Poder Público em geral.
O não esclarecimento em tempo devido e de forma adequada ao povo Tenharim que ainda procura uma resposta digna e oficial sobre o contexto da morte do cacique Ivan Tenharín, ocorrida no dia 2 de dezembro, entre o distrito de Santo Antônio do Matupi e a aldeia Campinhu vem a reforçar mais ainda o clima de insegurança que estes povos indígenas sofrem há anos nesta região.
Por conta dos protestos e do clima de terror que também chegaram a Apuí, provocados por vários moradores nos dias 24 e 25 de dezembro de 2013 e que culminaram com o “incêndio provocado” em prédios públicos e embarcações, a COIAB vem solicitar da FUNAI e de órgãos como o Ministério Público Federal, Ministério da Justiça e a Secretaria Geral da Presidência da República, providências no sentido de que seja evitada uma nova tragédia, visto que, segundo lideranças indígenas, as aldeias já começaram a ser saqueadas e incendiadas por manifestantes ligados e bancados por madeireiros e ao esquema de grilagem existente no distrito de Santo Antônio do Matupi (Manicoré) e de Humaitá, acompanhados da policia militar local.
A situação é preocupante, pois afeta diretamente as famílias indígenas que vivem na localidade e que precisam ser resguardadas de qualquer ato de violência e sua integridade física. A COIAB não compactua com as cenas de terrorismo registradas, que ganharam manchete negativa em todo o mundo, como agressão aos direitos humanos e destruição do patrimônio público.
Diante de todos esses fatos, a COIAB também manifesta a preocupação de como a situação ficará após as medidas emergenciais de segurança que já estão sendo tomadas e, em especial como os órgãos públicos e poder público local tratarão em longo prazo os graves problemas de conflito agrário e madeireiro na região que são os reais causadores de todo o conflito existente atualmente.
Manaus, 27 de dezembro de 2013.
COORDENAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES INDÍGENAS DA AMAZÔNIA BRASILEIRA