Por Lidiane Kober, em Campo Grande News
Na tribuna da Assembleia Legislativa, os deputados estaduais Zé Teixeira (DEM) e Mara Caseiro (PTdoB) acusaram, nesta quinta-feira (12), a USP (Universidade de São Paulo), uma das mais renomadas instituições de educação do Brasil, de elaborar questão de vestibular errada e de manchar a imagem de Mato Grosso do Sul.
Na questão 50, a universidade apresentou tabela, divulgada pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário), apontando 554 mortes de indígenas no país e informou que, do total, 310 ocorreram no Estado. Depois, perguntou os motivos da liderança dos casos.
A resposta correta era a letra “E”, “No período abrangido pela tabela, a participação de Mato Grosso do Sul no total de indígenas assassinados é muito alta, em consequência, principalmente, de disputas envolvendo a posse de terra”.
Com dados diferentes, Zé Teixeira acusou a USP de “apresentar uma imagem distorcida do Estado, como se fosse uma terra de selvagens”. “Estão manchando a nossa imagem”, afirmou. Para provar isso, ele mostrou números da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública).
A tabela, divulgada em 28 de fevereiro deste ano, aponta a morte de 196 índios, de 2006 a 2013. De acordo com a Sejusp, por exemplo, em 2006, foram assassinados 7 índios no Estado, enquanto a tabela da USP informa 28 mortes. Já em 2011, a comissão organizadora do certame, com base em dados do Cimi, aponta 32 mortes de indígenas, enquanto a Sejusp afirma que foram 27.
A indignação de Zé Teixeira é ainda maior pelo fato de a maioria dos autores dos assassinatos ser indígena. Segundo a Sejusp, 181 índios estariam envolvidos com as mortes, enquanto os outros 15 responsáveis seriam de fora das comunidades. “O conflito pela terra não é o principal culpado pelas mortes, mas o alcoolismo e o uso de drogas registrado nas aldeias”, avaliou o deputado.
Certo do erro da universidade, ele defendeu à elaboração de uma moção de repúdio à USP em decorrência da questão. “Essa mentira cria na cabeça do vestibulando aquela ideia de que Mato Grosso do Sul é um Estado selvagem”, justificou. Mara Caseiro, por sua vez, quer anular a questão.
Para ela, os assassinatos envolvendo índios em Mato Grosso do Sul são decorrentes da ineficiência da Funai (Fundação Nacional do Índio) e da omissão da União, “que permitem a entrada de álcool nas aldeias”. Ela reforçou que a maioria dos assassinatos ocorre entre os próprios índios e que os conflitos fundiários envolvendo eles e os produtores mostram o quanto o Governo Federal foi omisso ao permitir o isolamento dos indígenas, impedindo seu desenvolvimento e evolução.