Até quando vamos esperar uma mega chacina indígena? Os mortos “isoladamente” não valem nada? Qual o papel da mídia? E o seu?, por Alceu Castilho

cocarPor Alceu Castilho

Três Tupinambá foram assassinados na Bahia. Em região de conflito com “produtores rurais”, diz o texto da Folha: (aqui). Ela que abriga semanalmente artigo da senadora Kátia Abreu.

Pouco mudou desde a invasão do país pelos portugueses, em 1500. E pouco mudou desde Pero Vaz de Caminha. Com os escribas a serviço do poder. Os jornais cumprem diariamente a função de escantear os conflitos agrários. Uma das características centrais deste país. Para quem tiver olhos para ler e um mínimo de aversão à cumplicidade. Esta que ronda cada brasileiro indiferente.

Três assassinados. Mais três. Esperaremos uma chacina, um caso com 10 ou 20 assassinados, e com a consequente repercussão internacional, para darmos valor a esse tipo de notícia?

Eu as divulgo quase diariamente, em minhas páginas: Outro Brasil, Partido da Terra. Ainda há pouco, aqui mesmo no meu perfil, publicava notícia sobre atentado contra índios Guarani, em plena capital econômica do país. Quantos compartilharam, quantos perderam alguns segundos com isso?

Logo em seguida fiquei sabendo desses assassinatos na Bahia. Atenção: eles não são exceção. Não são. Mas isso não pode implicar embotamento. Esvaziamento da capacidade de indignação, falta de atitude. Como costuma ocorrer nestas terras virtuais – à exceção de alguns espasmos de cidadania. (mais…)

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Três indígenas Tupinambá são mortos a tiros na região da Serra do Padeiro, área de conflito no sul da Bahia

Cartaz ruralista, defendendo a violência contra os Tupinambá
Cartaz ruralista, defendendo a violência contra os Tupinambá, no sul da Bahia

Eles teriam sido assassinados em uma emboscada ao deixarem uma fazenda

Correio 

Três índios foram mortos na noite desta sexta-feira (9), em Una, no sul da Bahia, área de disputa entre produtores rurais e indígenas. A Polícia Civil confirmou o crime, mas ainda desconhece as circunstâncias.

Os índios teriam sido assassinados em uma emboscada ao deixarem uma fazenda. Agentes da Polícia Federal foram ao local para apurar o caso.  (mais…)

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Nosso racismo é um crime perfeito: entrevista com Kabengele Munanga (2012)

Kabengele Munanga

O antropólogo Kabengele Munanga fala sobre o mito da democracia racial brasileira, a polêmica com Demétrio Magnoli e o papel da mídia e da educação no combate ao preconceito no país

Por Camila Souza Ramos e Glauco Faria, em Fórum

Fórum – O senhor veio do antigo Zaire que, apesar de ter alguns pontos de contato com a cultura brasileira e a cultura do Congo, é um país bem diferente. O senhor sentiu, quando veio pra cá, a questão racial? Como foi essa mudança para o senhor?

Kabengele – Essas coisas não são tão abertas como a gente pensa. Cheguei aqui em 1975, diretamente para a USP, para fazer doutorado. Não se depara com o preconceito à primeira vista, logo que sai do aeroporto. Essas coisas vêm pouco a pouco, quando se começa a descobrir que você entra em alguns lugares e percebe que é único, que te olham e já sabem que não é daqui, que não é como “nossos negros”, é diferente. Poderia dizer que esse estranhamento é por ser estrangeiro, mas essa comparação na verdade é feita em relação aos negros da terra, que não entram em alguns lugares ou não entram de cabeça erguida. (mais…)

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Indígena desaparece em MS após bando armado expulsar guaranis-kaiowás de fazenda

A Crítica de Campo Grande – O indígena guarani-kaiowá Martins Galto, de 66 anos, está desaparecido desde o dia 28 de outubro de uma fazenda localizada próxima a Vila São Luiz e a Coamo Agroindustrial Cooperativa na cidade de Aral Moreira (402 km de Campo Grande).

“Chegaram dando tiros, eles tinham revólver, espingarda calibre 12. Levaram cerca, barracas, tudo nosso. Voltamos depois para procurar mais não achamos meu pai”, disse Reginaldo Galto, 37, filho de Martins.

De acordo com familiares, aproximadamente 45 indígenas estavam na região desde o dia 23 do mesmo mês, quando oito pessoas, em uma caminhonete Hilux preta, fortemente armados, foram ao local e deram tiros em direção aos índios.

A Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília, confirmou o desaparecimento. “Na hora, ele falou ‘vamos se separar que é melhor’, depois disso eu não vi mais ele. A Funai daqui disse que íamos no Ministério Público nesta sexta-feira (8), só que depois disseram que vai ficar para segunda-feira (11), mais dois dias ainda”, diz.

De acordo com Reginaldo, a área de demarcação de terras indígenas compreende a aproximadamente 8 mil hectares na região. A Polícia Federal da cidade de Ponta Porã, responsável pela região, informou que não foi comunicada do fato.

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Ministério Público autua comerciantes que retém cartões de benefícios de indígenas em Dourados

Durante fiscalização, agentes também encontraram alimentos deteriorados em estabelecimentos
Durante fiscalização, agentes também encontraram alimentos deteriorados em estabelecimentos

Redação Douranews

O MPF (Ministério Público Federal) iniciou na quarta-feira (6) ação de combate à retenção de cartões magnéticos provenientes da aposentadoria e concessão de benefícios sociais, expedidos aos indígenas, como garantia de pagamento de débitos por proprietários de estabelecimentos comerciais na região da Reserva de Dourados.

A operação, realizada em conjunto com a Funai, Inmetro, Procon, Vigilância Sanitária, Secretaria municipal de Finanças e o apoio da Força Nacional, fiscalizou os estabelecimentos comerciais de Dourados localizados nos arredores das aldeias Bororó, Jaguapiru e Panambizinho.

A ação resultou na apreensão de alimentos inadequados para consumo e na análise de preços e quantidade dos produtos ofertados aos índios e dos alvarás dos estabelecimentos. O objetivo da ação é coibir práticas abusivas aos consumidores indígenas, especialmente após denúncias de retenção de cartões pessoais como garantia de pagamento.

As visitas, que também serão realizadas nos comércios instalados no interior das aldeias, foram acompanhadas de Recomendação do MPF que alerta sobre a abusividade da apreensão de documentos. Segundo o órgão ministerial, a prática, além de violar o direito do consumidor, configura crime e gera dano moral à coletividade indígena.

Após as fiscalizações, ações criminais e cíveis devem ser ajuizadas pelo Ministério Público Federal contra os comerciantes notificados, segundo informa a assessoria do órgão.

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A nossos irmãos primeiros Tomas e Pedro

homenagem_dom_tomasXX Assembleia Geral do Cimi

Queridos irmãos na fé, na causa indígena, camponesa e dos oprimidos. Estamos participando da XX Assembléia Geral do Cimi, que tem o como lema “Desafios e perspectivas do Cimi na construção do Bem Viver”, donde enviamos nosso abraço com ternura e gratidão.

Sentimos muito a ausência de vocês, para partilhar sonhos, desafios e esperança. Porém tenham a certeza de que o testemunho profético e sabedoria partilhada, por décadas, com os povos indígenas e missionários estão e continuarão iluminando nossas vidas.

Quando as sementes brotarem do chão, quando as flores enfeitarem os caminhos da justiça, quando a liberdade for realidade e não ficção, quando do coração da terra e do céu emanar a vida em plenitude, será então um novo dia, um novo horizonte da utopia, onde juntos vamos celebrar o Deus da Vida, no Bem Viver em plenitude.

Com ternura e confiança partilhamos esse momento com vocês.

Um forte abraço, na fé e esperança que anima a todos

Luziânia, GO, 08 de novembro de 2013.

Participantes da XX Assembleia Geral do Conselho Indigenista Missionário

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‘Assustaram os donos do poder, e isso foi ótimo’, diz o sociólogo Chico de Oliveira

Socialista inveterado, acadêmico prestigiado, parceiro rompido de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, o sociólogo Francisco de Oliveira completou 80 anos quinta-feira passada (dia 7) sem demonstrar qualquer sinal de afrouxamento da energia crítica. Em entrevista realizada no seu apartamento no bairro da Lapa, em São Paulo, ele falou com entusiasmo dos protestos de junho (“a sociedade mostrou que é capaz ainda de se revoltar”) e, sem rodeios, criticou as principais figuras do atual cenário político

Ricardo Mendonça – Folha de S. Paulo

A presidente Dilma Rousseff é uma “personagem trágica” que deu uma “resposta idiota” às manifestações. Lula “está fazendo um serviço sujo” ao atuar como apaziguador de tensões sociais. Marina Silva é uma “freira trotiskista” adepta de um “ambientalismo démodé”. O Bolsa Família, “uma declaração de fracasso”. E por aí vai.

O sociólogo não tem receio de expor suas ideias “revolucionárias”. Uma delas é separar o Brasil como forma de resolver a questão indígena: “Há um Estado indígena […] Ninguém tem coragem de dizer isso. Então todo mundo quer integrar”, afirma. Eis alguns trechos da entrevista. (mais…)

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Comunidad de Supayacu interpone demanda para detener exploración de empresa Águila Dorada

Imagen referencial
Imagen referencial

Exploración se realiza en la cabecera de cuenca del río Chirinos. Comunidad señala que nunca se consultó a la población sobre actividades

Servindi – La comunidad nativa awajún de Supayacu, en Cajamarca, y la Organización Fronteriza Awajún de la misma región (ORFAC) interpuso una demanda de amparo contra el Ministerio de Energía y Minas (MEM) para que se declare la nulidad de la resolución que autoriza a la empresa Exploraciones Águila Dorada S.A.C. realizar actividades que impacten en sus territorios.

Los habitantes de la comunidad ubicada en el distrito de Huarango, provincia de San Ignacio, sostienen que el proyecto “Yaku Entsa”, a cargo de la citada empresa de capitales canadienses y asentada en la comunidad awajún vecina de Naranjos, pone en peligro las aguas del río Chirinos.

El temor de los nativos se debe a que “Yaku Entsa” se ubica en la cabecera de la cuenca de este río que divide a Supayacu de Naranjos. (mais…)

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Participantes da UPMS de Brasília cobram atuação do MP na defesa de direitos

sonia_guajajaraO auditório do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) foi “ocupado”, na manhã de segunda-feira (4), pela diversidade de integrantes de movimentos sociais e organizações que estiveram presentes durante o último fim de semana em oficina da Universidade Popular dos Movimentos Sociais (UPMS) reunida sob o tema “Os Direitos Humanos em Movimento: as Organizações, as Instituições e a Rua”

Por Maurício Hashizume, da Equipe ALICE

Durante a sessão pública acompanhada pelo presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Fundamentais, Jarbas Soares Júnior, e por outros membros do CNMP, ativistas e militantes apresentaram várias denúncias de violação de direitos humanos e cobraram uma atuação efetiva do Ministério Público na defesa de pessoas e grupos que vivem cotidianamente submetidas a ameaças, discriminações e violências.

“Ainda temos um Brasil que exclui, mata e extermina”, enfatizou a indígena Sonia Guajajara, da Associação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), uma das participantes da oficina. Ela realçou que, em vez de “abraçar e cuidar da diversidade social”, o país continua violando direitos fundamentais de segmentos constituintes da sociedade, que perpassam da larga população negra brasileira aos povos indígenas. “Sem nossos territórios, não temos a garantia do direito à vida”, sustentou, sem deixar de citar que um terço das territórios ainda não foi demarcado – a despeito da Constituição Federal de 1988 ter estabelecido o prazo de cinco anos para a conclusão dos processos em curso. Diante desse quadro, pontuou Sonia, as instituições, incluindo o próprio Ministério Público, assistem ao “extermínio da população” sem que haja efetivamente o “extermínio do racismo”. (mais…)

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