Comunicado: Não ao Estado de Exceção em Iranduba/Amazonas! Ocupar é um direito!

Indígenas concentrados na entrada do terreno AM 70. Foto: Márcia Oliveira/SSP
Indígenas concentrados na entrada do terreno AM 70. Foto: Márcia Oliveira/SSP

Um verdadeiro Estado de exceção foi criado em Iranduba na nova jornada de lutas empreendida pela população pobre do Amazonas. Repudiamos energicamente a tática fascista, usada pelas polícias, de isolar pela sede e pela fome os ocupantes, tratando isto como algo normal, significando verdadeiro atentado aos direitos humanos. A luta pela moradia em Iranduba remonta uma luta justa e consequente de anos de duração e que não encontrou uma solução até os dias atuais, prova disto é a massiva ocupação que ocorre neste momento e que será desalojada por um aparato de mais de 800 polícias de diferentes forças. Para o povo é a política da bala e do cassetete.

A luta direta, através de ocupações, é uma forma histórica encontrada pelo povo para fazer cumprir o direito fundamental de moradia. Acompanhamos ano passado a ocupação que ocorreu no terreno da empresa Transcal e ficou evidente que a classe política de Iranduba não está atenta ao problema, ao preferir pela política da tolerância zero. O que se acompanha atualmente é uma singular união entre diferentes etnias indígenas, juventude e trabalhadores no confronto contra um estado que tem a grilagem como regra geral.

Depois de 30 anos do processo da suposta redemocratização, ainda temos uma tradição policialesca da guerra interna aos lutadores do povo, através de uma tradição autoritária e repressiva de lutas populares. Não podemos aceitar de braços cruzados a barbárie se tornar normal e aceitável, em pleno processo de lutas de todo povo brasileiro. Desconhecemos qualquer avanço significativo na questão da terra. Prova maior disto é a escalada de assassinatos e repressão dos povos do campo e da floresta, com a irresponsável militarização dos conflitos nesses locais. O Estado deveria reconhecer sua falha capital nesta questão e prezar para uma solução oriunda diretamente dos anseios do que está em luta. A injustiça é clara quando a famosa ponte sob o Rio Negro leva empreendimentos de grandes condomínios e o povo tem de assistir passivo à corrupção endêmica deste Estado reacionário.

Fazemos uma convocação geral para que demais organizações denunciem a criminalização da luta popular em Iranduba. Que esta jornada de lutas sirva de exemplo para o conjunto de movimentos populares e que tomemos as ruas para responder ao terrorismo de Estado e a supressão da resistência do povo pobre.

VIVA A RESISTÊNCIA POPULAR!
CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DAS LUTAS POPULARES!
ABAIXO O TERRORISMO DE ESTADO!
NÃO AO MASSACRE DOS POVOS TRABALHADORES, DO CAMPO, DAS ÁGUAS E DAS FLORESTAS!
NÃO ESQUECEREMOS, NEM PERDOAREMOS!

Assinam:

COLETIVO FEMINISTA BARÉ
COLETIVO TUCANDEIRA
CENTRO ACADÊMICO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

25/09/2013, Amazonas.

Compartilhado por Gleice Oliveira.

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