Girlene Medeiros, do G1 AM
Após a desocupação de parte de área invadida [sic] em Iranduba, a 27 km de Manaus, na manhã desta quarta-feira (25), Tamilton da Silva, cacique da etnia mura disse que “se a terra é do governo, também é do índio”. A afirmação foi feita quando o indígena deixou o lote 4 do km 6, localizado na estrada Manoel Urbano.
Para o cacique, “terras que não estão sendo usadas devem ser ocupadas”. O indígena justificou que a ocupação é feita por pessoas que precisam de moradia. “Só estamos lutando pela nosso espaço. Nós, índios, somos os primeiros habitantes do país e os primeiros donos dessa terra”, gritou à imprensa e aos policiais que acompanhavam a reintegração.
A dona de casa Maria Elizandra da Silva, de 22 anos, também estava na ocupação. Ela disse ter perdido um filho afogado na casa onde morava, em Cacau Pirêra, distrito de Iranduba. “Eu pagava R$ 350 de aluguel e todo ano alagava. Eu tinha dois filhos e um deles morreu afogado. É muito sofrimento, porque não tenho onde morar”, disse ao G1.
O alagamento também é uma das justificativas da dona de casa Maria Raimunda Almeida, de 46 anos. Ela também morava em Cacau Pirêra e há quase três meses estava na comunidade formada pelos invasores. “Eu invadi, porque estou cansada de ver minha casa alagando toda vez que o rio sobe. Tenho quatro filhos para criar”, afirmou. “Quero criar meus filhos com dignidade. Se a terra não tem dono, já encontrou”, disse também o desempregado Eliton Oliveira, de 35 anos.
Há cinco anos em Manaus, o indígena, da etnia Mura, Nei de Souza Pacheco, de 30 anos, contou que é natural de Autazes, a 113 km da capital. “Fiquei desempregado e preciso de terra”, afirmou.
Para a dona de casa Luziane Souza Printes, de 31 anos, que é esposa de um indígena da etnia Tucano, os índios têm direito às terras. “Estamos lutando por um pedaço de terra, porque nós precisamos. Todos que estão aqui precisam de um local digno e ninguém faz nada por nós”, disse a mulher que é natural de Parintins, a 369 km da capital.
Invasão [sic]
Segundo a polícia, o terreno, ocupado por índios e não-indígenas há três meses, está localizado no município de Iranduba, a 27 km de Manaus. A primeira etapa da reintegração de posse de uma área de cerca de 50 mil metros quadrados encerrou por volta das 9h desta segunda-feira (25), após três horas de negociação. O subcomandante do Comando de Policiamento Especializado (CPE), coronel Fabiano Bó, informou que as barreiras serão mantidas para evitar o retorno dos invasores [sic].