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Xakriabá eu também sou

O Povo Xakriabá, maior etnia de Minas Gerais,cansado de esperar a FUNAI e demais órgãos responsáveis,iniciou processo de retomada de seu território no dia 01 de setembro. Desde 2007 relatórios antropológico e fundiário da área reivindicada foram concluídos. Falta vontade política! Enquanto isso, ruralistas incitam preconceito e ameaçam o Povo Indígena. O clima é de tensão

Um pouco da história do Povo Xakriabá, em Eu também sou Xakriabá

Como todos os povos indígenas do Brasil sua história passa a ser contada a partir da origem de seu nome. E com o povo Xakriabá não é diferente.  É definido pelo Handbook of Soth American Indians [1] como filiados ao trônco lingüístico jê, e subdivisão Akwên originários da parte meridional das terras entre o Rio São Francisco e o rio Tocantins.

De acordo Darcy Ribeiro e Benedito Presia, o povo Xakriabá está relacionado aos grupos indígenas Xavante e Xerente, ocupando a bacia do Tocantins, desde o sul de Goiás até o Maranhão, estendendo-se do Rio São Francisco ao Araguaia.

O Povo Xakriabá habita a região do Médio São Francisco no município de São João das Missões, norte de Minas Gerais, desde meados do século VXII, no qual encontramos registro dos primeiros contatos entre colonizadores e índios nesta região.

Relatos deste período nos mostram fatos em que o bandeirante paulista Matias Cardoso de Almeida, um dos mais famosos caudilhos da época, juntamente com seu filho Januário Cardoso, seu primo Manoel Francisco de Toledo, e o seu cunhado, o paulista Gonçalves Figueira, numa expedição legal, composta de 57 homens conforme vinha enunciada na patente de Capitão–Mor, concedia a Matias Cardoso de Almeida a conquista de nações gentílicas e bravas, “praia” de indígenas e quilombos, tendo cumprido as determinações “mestre-de-Campo” e governador absoluto da guerra dos “bárbaros” passou a dedicar-se a debelar aldeia indígenas, ao longo do rio São Francisco.

Já nomeado “administrador das Aldeias”, foi informado por um de seus descendentes, que “encontraram um grande número de indígena na embocadura de um tributário do rio São Francisco”. Montaram acampamento na ilha do Capão e ficaram alguns dias a espreitar, de onde avistaram um grupo de índios na foz do rio Itacarambi. Saíram em perseguição aos nativos, e no dia 24 de junho de 1.695, surpreenderam a tribo dos Shariabás (…), aldeados as margens do Itacarambi, a uma distancia de duas léguas e meia da desembocadura do rio. Fizeram-lhe a principio guerra e, em seguida, porém, trataram com eles e firmaram pazes [3].

Já instalado em terras indígenas Matias Cardoso de Almeida foi o propulsor dos conflitos pela disputa da terra, já que o bandeirante se intitulou dono da área que os Xakriabá ocupavam. Negros fugitivos das minas também eram acolhidos pelos índios, através de alianças para enfrentar a fúria dos colonizadores.

Com a ameaça dos Cayapó na região do Brejo do Salgado, atualmente a cidade de Januária, os Xakriabá fizeram um pacto com Januário Cardoso, filho de Matias Cardoso, contribuindo assim na luta pela expulsão dos Cayapó Meridional da região.  Em troca, ganharam uma doação de terras, que se estendia das margens do Rio Itacarambi até o Rio Peruaçú, registrado em cartório de Januária e Ouro Preto (vide anexo documento de doação).

Por um período, os Xakriabá viveram relativa tranqüilidade em suas terras, apesar da imposição religiosa e cultural. Lentamente as suas terras foram sendo ocupadas por fazendeiros, que não aceitavam a sua existência enquanto povo indígena.

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