Por Lucas Reis, de Manaus, para Folha/UOL
Cerca de 60 indígenas invadiram nesta quinta-feira (19) a sede da Funai, em Manaus. Ao menos 30 funcionários da fundação foram mantidos reféns pelos índios dentro do prédio por cerca de três horas. Não houve registro de feridos nem danos ao prédio.
Os indígenas habitam um terreno ocupado há mais de dois meses no município de Iranduba, vizinho a Manaus. Pelo menos mil pessoas fazem parte da ocupação –entre elas não-índios. No final de julho, a Justiça determinou a reintegração de posse da área invadida, mas a ação ainda não foi executada. Anteontem, a Justiça determinou o isolamento da área, medida que também não foi realizada.
Os índios permaneceram perfilados na varanda do prédio ostentando seus Rani (Registro Administrativo de Nascimento de Índio), espécie de RG indígena. Queixavam-se que a Funai teria dito que não haviam índios na ocupação de Iranduba.
Da varanda do prédio da Funai, os índios informaram que esperam pela chegada do cacique para explicar a razão da ocupação. Também exigiam a chegada do coordenador da Funai para negociarem a saída.
No final da tarde, os índios começaram a liberar os funcionários. Por volta das 19h (horário de Brasília), os indígenas também passaram a deixar o prédio. Os últimos saíram do local cinco minutos antes da chegada da Polícia Federal, às 19h20. Os dois advogados do grupo deixaram o local sem dar entrevistas. Os índios também não explicaram o motivo da invasão.
Os policiais vistoriaram o prédio vazio e informaram que nada de irregular foi encontrado.
O terreno ocupado em Iranduba fica no km 6 da rodovia Manoel Urbano e concentra índios das etnias sateré-mauwé, mura, miranha, munducuru e apurinã. Segundo Lincoln Tavares, procurador-geral de Iranduba, as terras pertencem parte a uma igreja evangélica e parte ao Estado do Amazonas.