Marilena Chauí: a história da filosofia contra o pensamento

gas-mask-sci-fi-42597ww,,Ao acusar os “blocs” de fascistas na academia da PM a professora Marilena chegou não só a um ponto de irresponsabilidade política como de cumplicidade com a violência sistemática da PM do Rio, não só na repressão às manifestações, como no trato da população em geral.”

Por  Rodrigo Guéron*, em Inverso Contraditório

Tenho notado que Marilena Chauí, cujo ótimo curso recente sobre “Espinosa e a Política” na PUC assisti de caneta e caderninho em punho, há algum tempo tem usado a história da filosofia contra a filosofia e o pensamento em geral.

Estive, estes dias, reunindo anotações para responder a forma como ela desautoriza o uso de alguns conceitos (como o conceito de “multidão” originalmente de Espinosa, mas redefinido por Antonio Negri), ou a articulação e aproximação entre conceitos (como “trabalho vivo” em Marx e “produção de subjetividade” em Deleuze e Guattari), às vezes em nome de uma fidelidade ao sentido puro e imaculado que estes conceitos teriam nos filósofos que os pensaram, às vezes em nome de uma fidelidade historicista à história da filosofia que limitaria a possibilidade de aproximação dos conceitos e seus sentidos numa divisão lógica de contextos e classificações históricas fechadas, e linhagens filosóficas determinadas.

Além disso, a maneira reativa como Chauí tem se referido aos movimentos que tomaram as ruas do país a partir de junho, nos dá a impressão que a professora despreza os acontecimentos nas suas singularidades o que, convenhamos, não é nada materialista. Marilena parece não suportar o incompreensível, o que não é absolutamente assimilável em seus aparatos conceituais prontos, ou seja, o que ela evita é exatamente um dos princípios, um dos agentes provocadores do pensamento: aquilo que nos tira do nosso lugar habitual, do nosso conforto intelectual, que é também físico, demandando novas criações, sejam conceituais, sejam artísticas. (mais…)

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A ética do anonimato, a vida da filosofia e as máscaras do poder

amarildo uppA crítica sentenciosa faz-me adormentar; gostaria de uma crítica feita com centelhas de imaginação. Não seria soberana, nem vestida de vermelho. Traria consigo os raios de possíveis tempestades (Michel Foucault).

Por  Alexandre F. Mendes*, em Inverso Contraditório

No período em que atuei como defensor público no Rio de Janeiro, me lembro de ter participado de uma primeira reunião com moradores da favela Metrô Mangueira, que ficava na Av. Radial Oeste, em frente ao Maracanã. Eles traziam, aflitos, dezenas de “laudos” de interdição de suas casas, afirmando que a Prefeitura queria removê-los por estarem em áreas de risco. Lembro que nos causou surpresa o fato de a interdição ter sido fundamentada numa mesma descrição para todas as casas (um breve e genérico parágrafo) e a informação de que a defesa civil teria montado uma “tenda” na comunidade, alertando que quem não assinasse sua própria interdição sairia sem qualquer alternativa.

Depois fomos informados que, por volta de 100 famílias, atemorizadas com todo o tipo de ameaças e receios, tinham acabado de mudar-se para o longínquo bairro de Cosmos, em apartamentos do programa Minha Casa Minha Vida. Outras famílias, além de um grupo de comerciantes, resolveram resistir e lutar “até o final” por seus direitos. Se a memória não falha, foi justamente uma grande passeata, incorporada à manifestação do Grito dos Excluídos, no dia 7 de setembro de 2010, que marcou o começo de uma mudança importante para o caso. (mais…)

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