Organizações populares – Às vésperas das comemorações do 7 de setembro, movimentos sociais populares fecharam, na manhã desta sexta-feira, 6, quatro artérias do Distrito Federal: em Planaltina na BR-020, a via Estrutural, altura do Posto Policial, a Estrada Parque Taguatinga (EPTG), na entrada para a EPVL, Pistão Norte Taguatinga, além da rodovia de Brazlândia. Os atos são articulados entre si e com pautas específicas. As ocupações ocorrem por tempo indeterminado e quase mil pessoas participam dos atos.
Notícias dão conta de quatro manifestantes presos no trancamento da EPTG, além da ação da Tropa de Choque com cães e bombas de efeito moral. Em todos os protesto, o clima é de tensão e conflito entre manifestantes e polícia, que chegou de forma truculenta e sem oferecer margem de negociação.
As manifestações reivindicam moradia, auditoria completa e com participação popular da Terracap, transporte público e de qualidade, contra a criação do aterro sanitário de Samambaia, fim da Agência de Fiscalização (Agefis) e sua política de repressão, além da desmilitarização da Polícia Militar.
Participam do protesto o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Coletivo Luta Vermelha, Organização de Comunicação Universitária Popular (OCUP), Movimento Honestinas, Brasil e Desenvolvimento, Movimento Contra o Aterro Sanitário de Samambaia e Assembleia dos Povos.
Os protestos antecedem o já tradicional Grito dos Excluídos. Desde as recentes jornadas de junho, com amplas mobilizações país afora, temos visto a sociedade e suas pautas diversas, atreladas a condições básicas de vida, como saúde, educação e moradia, ocupando o mesmo lugar nas ruas, lado a lado.
No Distrito Federal, são 300 mil famílias na lista de espera do Programa Morar Bem. Enquanto isso, a Terracap segue abrindo leilões: 700 lotes vendidos para especulação imobiliária, sendo áreas destinadas à construção de prédios de grande porte. À margem do que é vendido como desenvolvimento regional, famílias seguem sem habitação digna e de qualidade.
Tais indignações ocorrem na região de maior desigualdade no Brasil, onde a juventude negra e da periferia é cotidianamente assassinada, por meio da Polícia militarizada, como uma política de Estado. Vivemos sob precário sistema de transporte, saúde e educação, mas o Governo prioriza os Mega Eventos, como a Copa o Mundo.
O povo brasileiro, enquanto seu governo negocia com grandes empresários os monumentais estádios de futebol, paga as cifras milionárias e amarga mais de 250 mil desapropriações e despejos por conta das obras e exigências da Fifa. Desde as mobilizações de junho, intensificamos nossa luta contra a criminalização dos movimentos sociais, constantemente ameaçados por enfrentarem os governos e o Estado como um todo.
O objetivo da manifestação, às vésperas do 7 de setembro e do Grito dos Excluídos, é reivindicar as pautas especificadas abaixo, em tempos em que os governos, parlamentares e demais autoridades públicas fingem atender ao pedido do povo, clamado nas ruas nos últimos meses, mas criminalizam quem decide lutar pelos seus direitos.
O que queremos:
– Auditoria pública com participação popular nas contas da TERRACAP;
– Contra a implantação do aterro sanitário de Samambaia;
– Desmilitarização da Polícia Militar;
– Fim da AGEFIS e sua política de repressão social;
– Transporte gratuito de qualidade;
– Habitação para as 700 mil famílias do Morar Bem e pelo fim da especulação imobiliária.