Ao longo de toda a história, o povo maranhense poucas vezes figurou como personagem principal de qualquer narrativa. A aprovação de um projeto de lei pela câmara de vereadores de Santa Quitéria, Baixo Parnaíba maranhense, que proíbe os plantios de eucalipto e de soja no município propicia uma reflexão sobre como uma lei impacta diretamente as vidas de milhares de pessoas não só no município. Ele incide também sobre as vidas de pessoas de municípios próximos a Santa Quitéria.
Os eventos que levaram à aprovação do projeto de lei, no mês de agosto de 2013, carregam as marcas dos conflitos entre as comunidades tradicionais do município de Santa Quitéria, empresas como a Suzano Papel e Celulose, plantadores de soja e grileiros. O último desses conflitos aconteceu em maio, quando empregados de uma empreiteira, especializada em desmatar o Cerrado e queimar a madeira nativa em baterias de fornos, movimentavam-se pela Chapada do polo Coceira e foram barrados pelos moradores de Baixão da Coceira, Coceira, Lagoa das Caraíbas e de São José. Não era a primeira vez que essas comunidades barravam empresas que pretendiam desmatar as suas áreas de extrativismo.
Nesse novo embate, as comunidades resolveram que seria a última. Em julho, 30 comunidades de Santa Quitéria se dirigiram à câmara de vereadores e cobraram de forma veemente a elaboração e a aprovação de uma lei que inibiria a entrada de projetos de monoculturas em todo o município. Com a aprovação, Santa Quitéria se juntou aos municípios de Barreirinhas, Mata Roma, São Benedito do Rio Preto, Magalhães de Almeida, Morros, Belágua e Cachoeira Grande, que legislaram pela proibição de plantios de monocultura em seus territórios.