“O governo está preparando uma tragédia”, afirmam indígenas em Belo Monte

Foto: Ruy Sposati
Foto: Ruy Sposati

CIMI – A situação é grave na Usina Hidrelétrica Belo Monte. Os indígenas que ocupam pelo terceiro dia e pela segunda vez no mês o principal canteiro da barragem temem que uma tragédia de grandes proporções aconteça, com a autorização judicial da entrada da polícia para efetuar o despejo. Para eles, o governo está ameaçando repetir o confronto ocorrido na aldeia Teles Pires em novembro do ano passado, onde a Polícia Federal assassinou um indígena Munduruku e deixou dezenas de outros feridos.

Em coletiva à imprensa, Candido Waro declarou que os indígenas ocupados não irão cumprir a reintegração de posse. “Nós não vamos sair. Nós vamos morrer aqui, o governo vai matar todo mundo”, afirmou a liderança munduruku em coletiva à imprensa. O indígena reafirmou que o governo não tem cumprido com as exigências constitucionais no processo de consulta.

“O governo está preparando uma tragédia”, afirma Paygomuyatpu Munduruku. “Nós não vamos sair daqui. O governo tem nos ignorado, ofendido, humilhado, assassinado”. Para ele, está claro que o governo está tentando sufocar o movimento. “Ele já matou uma vez e vai matar de novo. Eles mataram porque nós somos contra as barragens”, explica. Os indígenas se mostraram “ofendidos” com a declaração do ministro Gilberto Carvalho à rede Globo de que ele não teria sido “comunicado oficialmente” sobre a vontade dos Munduruku de se reunirem com o governo federal.

VIOLÊNCIA POLICIAL

Além da pressão do governo federal, os indígenas têm sofrido diariamente ameaças e intimidações dos policiais que residem no canteiro de obras e daqueles que estão cercando o empreendimento. O vídeo abaixo, registrado por um indígena dentro da ocupação, mostra um policial intimidando e ameaçando os manifestantes, ao apontar armas e dizer que vai “quebrar” um indígena.

Para o grupo que ocupa o canteiro, a única saída é que o governo federal, na figura do ministro Gilberto Carvalho ou da presidente Dilma Rousseff, vão ao canteiro e se comprometam a cumprir a pauta dos indígenas. Eles exigem a suspensão de todos os estudos e obras de barragens que afetem seus territórios até que sejam consultados como previsto por lei.

Enviada por Luah Sampaio para Combate Racismo Ambiental.

Comments (2)

  1. Por um pedaço de terra milhões de pessoas morrem. Isto aconteceu no chamado “Descobrimento do Brasil”, que na verdade foi uma invasão ás terras já habitadas por indígenas. Já se passaram mais de 500 anos e seguimos com os mesmos erros, sem pensar na vida criam barragens usinas e tantos outro chamados progressos. Que progresso é esse que tira vidas extingue culturas inteiras! Onde está a justiça? Nas mãos das autoridades…E onde está a vida? Índio também é ser humano e tem o direito de serem defendidos em sua dignidade e não tratados como animais, tem o direito de defender suas terras e as terras dos seus ancestrais e sobretudo de seguir fazendo parte da história deste País. A população brasileira tem o dever de lutar por seus Índios pois de uma forma ou de outra a maioria da população é descendente de índios ou negros.
    Vamos a luta! Unamos forças para defender a vida dos indígenas, da fauna, flora e cultura presente na Amazônia.

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