Cimi Regional Norte II
Há 10 dias, indígenas das etnias Gavião, Surui, Xikrim, Asurini e Tembé interditam duas rodovias da região sudeste do estado, em protesto contra péssimo serviço de atendimento à saúde dos povos indígenas no Pará. As rodovias ocupadas foram a BR-15, que liga a localidade de São Domingos do Araguaia a São Geraldo do Araguaia, e a BR-222.
É a segunda manifestação de indígenas em menos de um mês. Os indígenas denunciam a precariedade do atual sistema de saúde no Pará. Especificamente, o oferecido pelo Distrito Sanitário Especial Indígena – Guamá-Tocantins e é coordenado atualmente por Daniela Cavalcante, a quem os índios exigem a exoneração.
No final do mês de Abril, os índios Tembé, Gavião e Xicrim ocuparam o DSEI e a CASAI em Belém como protesto e reivindicando mudança na atual coordenação. Os índios denunciam que, há um ano após o início da atual gestão, os procedimentos de saúde nas aldeias pioraram com a total e ou parcial paralisação da atenção à saúde indígena, como a interrupção da construção de postos, compra de veículos sucateados e sem condições de uso, falta de medicamentos básicos nos postos, perseguição política e assédio moral a servidores indígenas e não indígenas. Os indígenas denunciam que precisam pagar do próprio bolso as passagens para tratamentos na Capital (Belém), além dos medicamentos e exames.
Até o momento, o governo federal, por meio do Ministério da Saúde, não tem dado sinal de diálogo com os indígenas manifestantes. Ao contrário, estão liberando recursos e veículos para aldeias que não estão na manifestação, demonstrando um jogo claro de investir na divisão dos povos indígenas no lugar do diálogo.
O MPF em Belém, na pessoa de Dr. Felício Pontes, vem acompanhando o caso e, mediante a solicitação de lideranças indígenas, abriu investigação sobre o uso e aplicação dos recursos da saúde indígena.
Conselho Indigenista Missionário, regional Norte II.