Relatório elogia atuação do MPF na questão indígena, denuncia violação dos direitos humanos e afirma que “matar índios já se tornou uma tradição na região”
O relatório ainda ressaltou o trabalho proativo do MPF na defesa dos direitos indígenas. “Especialmente em Dourados, os índios têm no procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida um grande aliado. Ele é um dos responsáveis pela construção de uma saída para os conflitos da região”.
Depois da visita ao acampamento, que contou com a participação do procurador da República Marco Antônio Delfino de Almeida, a Comissão constatou que a situação dos indígenas de Mato Grosso do Sul impressiona pela dimensão e persistência: “Expulsão de seus territórios, atraso na demarcação das terras de uso tradicional e violação dos direitos humanos mais básicos como o acesso à saúde, educação e à alimentação”.
Os Guarani-Kaiowá reivindicam 38 terras indígenas, sendo que apenas 11 delas estão regularizadas e em posse das comunidades. As outras áreas, apesar de identificadas, declaradas ou em processo de identificação, já com estudos comprovando sua tradicionalidade, não podem ser retomadas pelos índios. A população dos Guarani-Kaiowá é de 45 mil pessoas. Eles ocupam pouco mais de 30 mil hectares no estado – o que corresponde a 0,1% do território sul-mato-grossense.
Matar índios é tradição
A constante violência que os guarani-kaiowá enfrentam também foi analisada pela comissão. Somente na Reserva Indígena de Dourados, foram registrados 75 assassinatos nos últimos dois anos, entre eles, duas crianças indígenas. O relatório afirma que “matar índios já se tornou uma tradição na região”. Dados do MPF revelam que, desde 2000, aconteceram 555 suicídios, 98% deles por enforcamento, 70% cometido por homens na faixa dos 15 aos 29 anos.
Pyelito Kue, entregues à própria sorte
A comissão apurou que há mais de um ano as crianças da comunidade Pyelito Kue deixaram de frequentar a escola por não ter disponível nenhum meio de transporte. O proprietário [SIC] bloqueia a estrada por um lado e, pelo outro, onde está o Rio Hovy, a passagem só é possível por barco. Também não há segurança pública, alimentos suficientes para o grupo nem assistência à saúde. “Nem mesmo para o atendimento dos casos mais graves. São 150 pessoas entregues à própria sorte. Para esta comissão está claro que existe o perigo real de acontecer uma fatalidade”.
Comissão Externa
A Comissão Externa da Câmara dos Deputados foi criada depois de decisão judicial que determinou a retirada do grupo indígena da fazenda Cambará. Outra motivação foi uma carta em que os índios se declaravam dispostos a morrer pelas suas terras.
O relatório completo [A luta dos índios Guarani-Kaiowá] pode ser conferido aqui.
Para saber mais sobre a questão indígena clique aqui e confira o blog produzido pelo MPF/MS em comemoração ao Dia do Índio.
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