Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental
Após algumas publicações em diferentes formatos, o Ministério Público Federal de Mato Grosso do Sul lançou um Blog que é uma bela homenagem aos Guarani-Kaiowá e ao Abril Indígena. Nele, é possível ver informações sobre o estágio de luta e de demarcação de cada uma das comunidades do estado, divididas em quatro grupos: áreas sem estudo; áreas com estudo, mas sem publicação; áreas declaradas; áreas homologadas; ou aldeias urbanas.
Na Apresentação, o MPF afirma:
O panorama é amplo e inclui tanto áreas que já chegaram ao final do processo demarcatório até aquelas em que sequer foram iniciados estudos antropológicos. Em comum, todas as áreas visitadas encontram dificuldades estruturais, violência, fome, preconceito e, supreendentemente, ainda conservam a esperança de dias melhores.
E é essa esperança que leva os índios a permanecer anos a fio na beira de estradas, vivendo precariamente e sonhando em reconquistar a terra de seus antepassados. Eles não querem apenas uma terra, lutam pelo direito de viver no local que consideram sagrado, seu TEKOHA, a terra à qual pertencem. Os indígenas invertem a lógica da sociedade ocidental. A terra não tem um valor de uso, mas um valor em si mesma. É a mãe que fornece todo o necessário para a sobrevivência física e espiritual.
Neste sentido, a conquista da terra é a conquista da própria identidade indígena. Em última instância, não é uma luta por um bem econômico mas pela própria vida.
Acompanhe essa viagem, informe-se, emocione-se e compartilhe.
Vale, de fato, seguir 0 conselho. Os links abaixo encaminham diretamente para os principais dos diversos conflitos. Para cada um, há um vídeo feito pela equipe do MPF na comunidade, um breve texto contextualizando sua história e fotos também tiradas em cada local. Mas penso que muito mais razoável é direto até o Blog, clicando no seu nome: Tekoha.
Laranjeira Ñanderu: Barracos em mata de fazenda
Indígenas permanecem em área reivindicada por ordem judicial. Em área de reserva legal, comunidade espera retomada de seu tekoha.
Curral do Arame: Pobreza ao lado de rodovia
Fome e insegurança rondam acampamento na beira de rodovia. Comunidade espera há 15 anos a entrada em seu tekoha.
Mãe Terra: Violência e morte na luta pela terra
Indígenas já foram expulsos pela tropa de choque da polícia de área ocupada. Comunidade ainda teve ônibus escolar incendiado.
Yvy Katu: 29 anos de espera pela demarcação
Indígenas ocupam 10% da área demarcada e lutam contra a precariedade. “Operação de guerra” foi montada para retirar índios.
Sucuri’y: Demarcada mas ainda sem estrutura
Mesmo sendo os donos legítimos, indígenas só ocuparam a área 13 anos depois da demarcação. Comunidade possui 68 famílias.
Arroyo Korá: Índios fora da terra apesar de demarcação
Indígenas sofrem com violência e falta de estrutura. Demarcação está suspensa desde 2009 por liminar do Supremo Tribunal Federal.
Aldeias Urbanas
Índios, em busca de uma vida melhor, foram aglomerados nas cidades. MS teve a 1ª aldeia urbana do Brasil.
Ypo’i: Esperança e morte na luta pela terra
Terra ocupada já foi palco de ação armada, assassinatos de professores e suspeita de envenenamento de água de rio.
Passo Piraju: Incertezas em meio ao canavial
Após 10 anos ocupando área, comunidade vive o medo do despejo iminente. Estudo antropológico comprova que terra é tradicional.