Gramsci e as lutas políticas

Para Cristina Bezerra, professora da UFJF e especialista na obra do revolucionário italiano, pensamento de Gramsci contribui para apontar as batalhas que a classe trabalhadora deve fazer no campo das ideias

Pedro Carrano, de Vitória (ES), no Prestes a Ressurgir

“Gramsci coloca que se a hegemonia é um dos elementos-chave para a luta política, para a de classes, ou seja, a classe que quer se tornar dirigente precisa alcançar hegemonia. Então, ela tem diferentes batalhas a serem travadas que não se limitam à esfera econômica, mas que se ampliam para a esfera política. Nesse sentido, existe uma batalha cultural a ser travada”, afirma Cristina Bezerra, professora da Universidade Federal de Juiz de Fora e especialista na obra do revolucionário italiano Antonio Gramsci (1891-1937).

Cristina, no processo de pós-graduação, foi orientada por Carlos Nelson Coutinho, um dos principais responsáveis pela introdução do pensamento de Gramsci no Brasil. Professora do curso de especialização em Economia e Desenvolvimento Agrário, uma parceria entre a Escola Nacional Florestan Fernandes e a Universidade Federal do Espírito Santo, Cristina abordou, em entrevista ao Brasil de Fato, alguns aspectos do pensamento de Gramsci que ajudam a entender o momento atual da luta de classes: a batalha no campo da cultura e das ideias, a necessidade do partido político, e a produção dos intelectuais próprios da classe trabalhadora. (mais…)

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“Autismo no Brasil: um grande desafio! Insensibilidade e bullying fazem Rafael sair da escola”

Foto encontrada na internet, sem identificação de autoria

Nota: a carta abaixo, enviada por um pai a alguns senadores e deputados, relata a luta de seu filho e de sua família para vencer o preconceito e a discriminação, na vida e na escola, em particular. Não se trata de um pai comum, mas de alguém que teve e continua a ter atuação decisiva nas diversas conquistas legais em relação aos direitos das crianças com autismo. Pensei muito antes de publicá-la (o que faço evidentemente com a permissão de seu autor), mas penso que tirar cada vez mais da invisibilidade as injustiças é sempre um dos primeiros e decisivos passos para vencê-las. E como ele diz no final, mesmo com a Lei 12.764 e “apesar de todo o nosso empenho e dedicação, a realidade brasileira ainda impõe grandes desafios e dores às famílias de pessoas com autismo no Brasil”. (Tania Pacheco)

Carta escrita por Ulisses da Costa Batista para os senadores Paulo Paim, Cristovam Buarque e Lindbergh Farias e para os deputados federais Hugo Leal, Mara Gabrilli, Rosinha da Adefal e Fábio Trad:

“Vimos a força que a sociedade brasileira tem quando se une em prol de valores que mereçam seu empenho.

O resgate da cidadania e dignidade das pessoas com autismo no Brasil e a de seus familiares foi uma questão de honra. Não poderíamos conviver com tamanho descaso e desleixo com essa parcela significativa da população devido aos tremendos sofrimentos impostos pela falta de políticas públicas que lhes garantissem o mínimo existencial para o seu desenvolvimento social e familiar.

A síndrome autista continua a ser um grande desafio para a ciência, porém é dever do governo, da sociedade civil e da família, garantir, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (mais…)

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RJ – Morro do Bumba poderá ter CPI dos desabrigados

Jornal do Brasil

A ineficiência de políticas públicas e as condições precárias dos abrigos onde se encontram as famílias desabrigadas pelo deslizamento no morro do Bumba, em Niterói, em abril de 2010, pode se tornar objeto de investigação por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).  O requerimento para abertura da ‘CPI dos Desabrigados’ foi feito pelo vereador Henrique Vieira (PSOL) e tem cinco das sete assinaturas necessárias para criação.

“Mais de 200 pessoas ainda vivem no 3º BI. São três anos no que seria um abrigo temporário. Se funcionasse razoavelmente seria menos absurdo, mas as condições são desumanas. Aquilo não é moradia, é despejo”, denuncia o vereador Henrique Vieira.

Trecho do requerimento de CPI explana a situação do abrigo improvisado no 3º Batalhão de Infantaria do Exército (3º BI), em São Gonçalo: ”O grupo verificou que as famílias são mantidas em condições bastante precárias de higiene. Vivem em três blocos com alojamentos improvisados, separados com pranchas de madeiras, identificados por números, em alas servidas por banheiros coletivos. Por toda parte se observam goteiras e infiltrações. Os alojamentos térreos de um dos blocos, quando chove, são invadidos por esgoto in natura, que emerge de um valão a céu aberto”.

Vieira sugere que é preciso investigar – além da precariedade dos abrigos – o destino do dinheiro investido e diz que há indícios de irregularidades no pagamento do Aluguel Social. (mais…)

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Deputado denuncia ofensiva contra combate ao trabalho escravo no Congresso Nacional

Por Guilherme Zocchio,  Repórter Brasil

“Há uma forte ofensiva de setores obscurantistas [no Congresso Nacional] contra direitos que já achávamos consolidados”, alerta o deputado federal Cláudio Puty (PT-PA), responsável por presidir a recém-encerrada Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Trabalho Escravo. Nesta entrevista exclusiva à Repórter Brasil, o parlamentar denuncia que a bancada ruralista tentou usar a CPI para fragilizar a atual legislação trabalhista no campo e flexibilizar o conceito de trabalho escravo, hoje previsto no artigo 149 do Código Penal. Trata-se, afirma, de parte de uma investida conservadora não só contra garantias trabalhistas, mas também em relação a outros direitos humanos.

O parlamentar relaciona tal ofensiva à “sobrerrepresentação” de “setores ultraconservadores” e alerta para os riscos da “associação de fundamentalistas religiosos com ruralistas”. Como exemplo disso, ele cita a eleição do pastor Marcos Feliciano (PSC-SP) para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. (mais…)

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SP – Fiscalização flagra escravidão na produção de roupas para skatistas e surfistas

Etiqueta auxiliou a mapear cadeia produtiva

Por Igor Ojeda, Repórter Brasil

Trabalhadores em condições análogas às de escravos foram resgatados produzindo peças da Gangster Surf and Skate Wear, confecção paulistana que tem como público-alvo surfistas, skatistas e praticantes de outros esportes radicais. A libertação foi feita na última terça-feira (19), durante fiscalização em uma pequena oficina localizada no bairro São João, em Guarulhos (SP), onde trabalhavam dois bolivianos e um peruano. Os três foram resgatados. Toda a produção da oficina era destinada à Gangster, loja do bairro do Brás, região central da capital paulista.

Em nota enviada à Repórter Brasil, a empresa afirma sido surpreendida pelo episódio e lamentá-lo “profundamente”. Diz ainda ter adotado medidas para salvaguardar os direitos dos trabalhadores e iniciado “uma revisão dos procedimentos internos das contratações de fornecedores, visando alinhar a gestão às melhores práticas na formação e  monitoramento das relações de trabalho da cadeia produtiva”. (mais…)

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RJ – Morro do Bumba: desabrigados vivem em condições precárias

Prédios erguidos para vítimas da tragédia do Morro do Bumba ameaçam cair (Foto: Terceiro / Reprodução TV Globo)

Renan Almeida*, Jornal do Brasil

“A gente só quer ir embora. Não é fácil viver nisso aqui, é muito ruim”, desabafa Luiz Claudio, auxiliar de escritório e um dos moradores do 3º Batalhão de Infantaria, em São Gonçalo, abrigo provisório onde os desabrigados na tragédia do Morro do Bumba vivem desde 2010.

Nesta semana, por conta de problemas estruturais, foram demolidos dois dos 11 prédios que seriam entregues a famílias que perderam suas casas na tragédia. A consequência é que cerca de 400 pessoas que já vivem há três anos no abrigo improvisado no 3º BI terão que viver por mais tempo em condições precárias.

JB não foi autorizado a fotografar o interior das instalações, mas percorrendo o local a reportagem verificou condições desumanas. Poucos quartos possuem banheiro privado e os de uso coletivo, apesar de limpos, estavam com um mau cheiro insuportável e não tinham sequer vasos sanitários. (mais…)

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“Globo consegue o que a ditadura não conseguiu: calar imprensa alternativa”, por Luiz Carlos Azenha

Em Viomundo

Meu advogado, Cesar Kloury, me proíbe de discutir especificidades sobre a sentença da Justiça carioca que me condenou a pagar 30 mil reais ao diretor de Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel, supostamente por mover contra ele uma “campanha difamatória” em 28 posts do Viomundo, todos ligados a críticas políticas que fiz a Kamel em circunstâncias diretamente relacionadas à campanha presidencial de 2006, quando eu era repórter da Globo.

Lembro: eu não era um qualquer, na Globo, então. Era recém-chegado de ser correspondente da emissora em Nova York. Fui o repórter destacado para cobrir o candidato tucano Geraldo Alckmin durante a campanha de 2006. Ouvi, na redação de São Paulo, diretamente do então editor de economia do Jornal Nacional, Marco Aurélio Mello, que tinha sido determinado desde o Rio que as reportagens de economia deveriam ser “esquecidas”– tirar o pé, foi a frase — porque supostamente poderiam beneficiar a reeleição de Lula.

Vi colegas, como Mariana Kotscho e Cecília Negrão, reclamando que a cobertura da emissora nas eleições presidenciais não era imparcial.

Um importante repórter da emissora ligava para o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, dizendo que a Globo pretendia entregar a eleição para o tucano Geraldo Alckmin. Ouvi o telefonema. Mais tarde, instado pelo próprio ministro, confirmei o que era também minha impressão. (mais…)

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Chico César: “Pensar em Você”

Curiosamente, o comentário no Youtube é em castelhano, mas demonstra uma sensibilidade que possivelmente poucas pessoas teriam, em português. Diz ele: “Esta semana me derribó la canción “Pensar em voce” de Chico César, la cual forma parte del disco “Mama Mundi”. Me parece que la versión más conocida es la de Daniela Mercury (también brasileña), cuyo video interpreta la letra como canción de amor. El de Chico, en cambio, muestra la pobreza de un tugurio y la calidad humana que olvidamos vive en este tipo de asentamiento. Me asombra cómo, en ciertas circunstancias, la palabra adquiere otro significado dependiendo de la imagen”. Sem dúvida, como tudo muda, inclusive na sensibilidade da imagem final do lápis sendo baixado… Uma nota: vídeo enviado para Combate ao Racismo Ambiental por Vanessa Rodrigues. Obrigada. (Tania Pacheco)

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Sobre os Munduruku: “Contra armas não há argumentos”

Lideranças Munduruku - Foto: Telma Monteiro

Por João Rafael Diniz*, em Língua Ferina

Num texto publicado em NOV 2011 no site Viomundo, o professor Pablo Ortellado analisa o que nas suas palavras seria a “cortina de fumaça” constituída em torno da temática da segurança pública dentro da Universidade de São Paulo.

Naquele momento, estava em curso uma escalada crescente de militarização e presença policial ostensiva dentro da campus Butantã, na capital paulista, supostamente em razão da falta de segurança do local (muito amplo e ermo à noite) e a ocorrência de um caso de tentativa de roubo seguido da morte de um estudante de biblioteconomia, em pleno estacionamento.

Preocupado com a “retórica do medo” e as reais intenções da reitoria em utilizar a força policial para a repressão do movimento estudantil e sindical dentro da universidade (o que depois efetivamente ocorreu), Ortellado expõe em seu texto a questão que considera principal: a USP é a mais antidemocrática das universidades paulistas, e argumenta: (mais…)

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