Sem Terra se reúnem com presidenta Dilma em Alagoas

Gustavo Marinho, Da Página do MST

O Acampamento São José, em Atalaia (AL) recebeu nesta segunda-feira (11) a visita do representante da Secretaria Geral da Presidência da República, Cândido Hilário Bigode e do superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Lenilda Lima. Em solidariedade aos Sem Terra, organizações sindicais de Maceió também visitaram o acampamento nesta segunda.

Por conta da visita da presidenta Dilma Rousseff ao estado de Alagoas para a inauguração do Canal do Sertão, nesta terça-feira (12), Cândido Hilário visitou a reocupação da antiga fazenda São Sebastião e ressaltou a necessidade do governo federal recolocar a Reforma Agrária em sua agenda.

“Vamos nos esforçar para levar a situação dos trabalhadores rurais com uma das prioridades para o governo”, prometeu Cândido, que também relembrou a responsabilidade do governo do estado com os acampados. “Temos que conversar com o governador (Teotônio Vilela Filho, do PSDB) para tratarmos de forma séria essa questão que é tão delicada”, afirmou.

Durante sua visita ao estado, a presidenta se reunirá com uma comissão de representantes dos movimentos sociais do campo, onde será pautada a Reforma Agrária e os conflitos da luta pela terra em Alagoas, em especial nas áreas dos acampamentos São Simeão (Sede), Bota Velha, Cavaleiro (todas no município de Murici) e do próprio acampamento São José, em Atalaia.

Os movimentos de luta pela terra também já contam com uma reunião pré-agendada com Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria Geral da Presidência.

“Espero que nossa agenda seja positiva e que possamos resolver esses impasses”, afirmou Lenilda Lima, superintendente do Incra no estado. “Essa região não é desconhecida pelas autoridades, temos que chamar a responsabilidade, seja do governo estadual, federal e do próprio Incra. Os conflitos da disputa por essa área são uma realidade concreta e espero que possamos resolver de forma pacífica”, concluiu a superintendente.

Uma luta de todos

Desde o lançamento da campanha “Não passarão!”, em defesa da Reforma Agrária e contra os despejos das famílias Sem Terra, a articulação campo e cidade na luta contra a concentração de terra em Alagoas vem se fortalecendo cada vez mais. “O MST está sendo um exemplo de força, organização e resistência a toda a classe trabalhadora de Alagoas”, afirmou Cícero Lourenço, da CUT.

Durante a visita à reocupação da antiga fazenda São Sebatião, os sindicalistas reafirmaram o compromisso e articulação nas lutas com os trabalhadores do campo. “A luta pela Reforma Agrária também é uma luta dos trabalhadores que estão na cidade.
Num estado em que a justiça está servindo apenas aos patrões, a nossa luta deve contar com a unidade do campo e da cidade”, disse Girlene Lázaro, do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Estado de Alagoas (Sinteal).

Para Izac Jackson, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), “a reocupação além de ser justa é uma resposta ao governo. Estamos deixando claro que essa área é importante para a Reforma Agrária em Alagoas.”

Na fazenda ocupada desde 2004 por trabalhadores e trabalhadoras rurais, viviam cerca de 60 famílias sob ameaça de pistoleiros. Em 2005 o Sem Terra Jaelson Melquíades e uma das lideranças do Movimento na região, foi assassinado por jagunços.

“Mataram um Jaelson, mas existem vários dentro de cada companheiro e companheira que está nesse acampamento junto com a gente. Nossa briga é para garantir vida boa a todos que vivem no campo e vamos mostrar para a sociedade que esse foco de resistência está vivo”, disse Josival Oliveira, do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST).

Carlos Lima, coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT) ressaltou que a luta pelas áreas em disputa são causas coletivas. Segundo Carlos, “o que está em jogo é a disputa de poder e nessa ocupação estamos disputando um projeto de classe para o estado”.

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Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.

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