*”A Bíblia respira profecia” (Parte 4), para Combate ao Racismo Ambiental
2.5.1 – Chão histórico do livro de Oseias
A data provável da profecia de Oseias é 755 a 721 a.E.C. Trata-se do final do reino do Norte, últimos anos do reinado de Jeroboão II até o reinado de Oseias, filho de Ela. No primeiro capítulo de Oseias está uma forte crítica contra a dinastia de Jeú. Os capítulos 2 e 3 refletem certa prosperidade de produção e tranqüilidade política, marcas do reinado de Jeroboão II. Do capítulo 5 em diante, estão reflexos da crise que se instaura em Israel, devido a pressões externas vindas do Império Assírio. Com a chamada guerra siro-efraimita e a subjugação de parte do território por Teglat-Falasar III (rei da Assíria), por volta de 733 a.E.C., aumentam significativamente na palestina o clima de violência e insegurança interna. Os capítulos finais de Oseias testemunham os acontecimentos em torno do ano 724 a.E.C., data do cerco à cidade de Samaria e da destruição do reino do Norte, com o conseqüente exílio do povo para a Assíria, potência imperialista da época.
2.5.2 – Chaves que destrancam as profecias de Oseias
A profecia atribuída a Oseias é composta de catorze capítulos, organizados em duas grandes unidades: 1a) Os 1-4; 2a) Os 5-14. O capítulo 4 parece ser o grande elo das duas partes, pois faz uma ligação entre o conteúdo de Os 1-3 e o de Os 5-14.
Para entendermos bem a profecia de Oseias, precisamos levar em consideração as implicações dos gêneros literários presentes no texto. Precisamos também não cair na armadilha da interpretação simplesmente alegórica, com base em polarizações como Javé-Israel, marido-mulher e fidelidade-infidelidade. Isso reduz tremendamente a realidade gritante que lateja por trás do texto. Por isso, para compreender bem as profecias de Oseias, é preciso levar no coração as angústias das pessoas marginalizadas e excluídas e, particularmente, o clamor das mulheres, que resistem, apesar de tudo, frente à violência patriarcal e outras agressões dos mais diversos matizes. (mais…)