José Ribamar Bessa Freire*
Acabo de ler o último livro que o general francês Paul Aussaresses escreveu: “Eu não contei tudo. Últimas revelações a serviço da França” (Je n’ai pas tout dit. Ultimes révélations au service de la France, Editions du Rocher, 2008). Depois disso, tentei entrevistá-lo, sem sucesso, através de contato com Jean-Philippe Bertrand, assessor de comunicação da editora. Soube que o general está com 94 anos, quase cego, e que não mora em Paris, reside na Alsácia. Mas não dá entrevistas.
Nos últimos anos, ele concedeu, pelo menos, duas entrevistas polêmicas: uma ao Le Monde, em novembro de 2000; outra, publicada pela Folha de S. Paulo, em maio de 2008, feita pela jornalista brasileira Leneide Duarte-Plon, que vive na França. Paul Aussaresses falou com ela e deu sua opinião sobre os militares brasileiros. Disse que o general Ernesto Geisel era “uma homem racional de uma profunda moralidade”, que o general João Figueiredo era “um adorável sedutor” e que guardou boas lembranças do general Garrastazu Médici, a quem conheceu na embaixada da França e com quem conversou em português.
Tentei arrancar agora uma entrevista para o Diário do Amazonas, consciente de que seria difícil. Diante da impossibilidade, só me resta compartilhar com o leitor minhas impressões sobre o livro que li, onde o general conta suas andanças pelo Brasil, suas atividades como adido cultural da França em Brasília, de 1973 a 1975, e suas muitas passagens por Manaus, onde foi professor de tortura no Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS). (mais…)
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