Compartilhado por Luciane Reis: “Na quarta-feira, dia 29 de agosto, quatro homens encapuzados entraram no bairro do Boiadeiro, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, e mataram dois jovens. A comunidade, na certeza de que eles não eram marginais, resolveu fazer uma manifestação que reuniu todos os residentes. A policia militar do Estado da Bahia, segundo relato dos moradores, reprimiu a passeata, agredindo os manifestantes. Muitos estão bastante machucados. Esta noite haverá outro protesto. Eles pedem nossa ajuda através da publicização dos fatos. Segue nota da comunidade e contato para mais informações”.
Nenhuma Morte em Nossas Comunidades!
Alex Carlos dos Santos, 19 anos, através de um curso voltado à construção Civil passou a atuar como ajudante de pedreiro. Estudante no turno noturno da Escola Estadual Ivone Vieira Lima, evangélico, viu o seu sonho de ser advogado e de levantar a sua família ser interrompido quando, na companhia de Luiz Henrique Sacramento Cerqueira, 20 anos, foi abordado por um veículo gol preto, numa esquina do bairro do Boiadeiro, Subúrbio ferroviário de Salvador, onde foram nascidos e criados.
Luiz Henrique, ou “Riquinho”, como era popularmente conhecido, também trabalhava no ramo da construção e, atualmente, no projeto de revitalização do Parque São Bartolomeu. Foi covardemente executado por quatro homens que, trajando preto e burucutus (máscaras pretas), surpreenderam pelas costas os rapazes e os alvejaram com uma sessão de tiros.A comunidade do Boiadeiro se mobiliza para contar a história desses meninos, enterrados na última quarta-feira, 30, no Cemitério de Plataforma.
A primeira ação foi após o funeral, quando politizaram sua dor fazendo um manifesto na Suburbana: familiares, amigos e vizinhos dos rapazes protestaram e foram surpreendidas pela Polícia Militar, que agrediu homens e mulheres fisicamente, além de tentar intimidar com ameaças verbais os que participaram do protesto. “Se ficar nessa vamos voltar daquele jeito” – exclamou um dos policiais quando tentou conter o protesto com empurrões e bofetadas no rosto duma mãe de família.HOJE , a partir das 18 horas, a comunidade buscará superar o medo e contestar a versão da mídia que veiculou a informação de que os rapazes teriam morrido em decorrência de um confronto entre facções criminosas rivais ,que supostamente guerreiam por aquele território. No entanto, na realidade Luiz Henrique , filho único, arrimo de família, foi covardemente morto em companhia de Alex através de uma execução sumária nitidamente empreendida por ação de um grupo policial ou paramilitar de extermínio.Neste momento é importante garantir a presença da mídia e das autoridades competentes para evitar mais agressões à comunidade, que legitimamente exercerá o seu direito de livre manifestação política frente a essa política que mata membros da nossa comunidade e justifica a matança como “auto de resistência”, ou confronto entre facções rivais.
A comunidade do Boiadeiro e a Campanha Reaja convocam a todas e todos – movimentos sociais, artistas, poetas, familiares de vítimas do Estado – para esse ato que é pela democracia, pela vida, contra os grupos de extermínio e por um outro modelo de Segurança Pública.
Exigimos imediata investigação dos fatos
Apoio psicológico e proteção às Famílias dos Mortos e dos Manifestante
Audiência com o Secretario de Segurança Pública
Audiência com o Secretario de Justiça e Direitos Humanos
Atuação firme do Ministério Público ouvindo o Movimento Social
Comunidade do Bairro do Boiadeiro no Suburbio Ferroviário de Salvador.
Contatos: Aline Dias – 8827-7389
— com Ginga Movimento de Mulheres, Aladilce Souza, Denise Bastos e outros 13.