Aldeia Moxkarakô recebe I Feira de Sementes Tradicionais, de 3 a 7 de setembro

Foto de um Pi'y têka me krá. Usamos o ouriço da castanha para fazer bonecas iguais às nossas crianças, com a mesma fita que elas usam. Com essas bonecas as jovens Kayapó (mekurerére) aprendem os cuidados que uma mãe deve ter com seus filhos.

 Tania Pacheco – Combate ao Racismo Ambiental

A I Feira de Sementes Tradicionais Kayapó, que começa dia 3 de setembro na Aldeia Moxkarakô, em São Félix do Xingu, terá também mesas redondas, oficinas e rodas de conversas.

A programação das mesas envolve os seguintes temas: Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional; Experiências Produtivas para Geração de Renda; Políticas Públicas e Povos Indígenas; Gestão Ambiental e Territorial; Políticas de Promoção da Conservação Florestal; e Políticas Indígenas e Desafios Contemporâneos. As oficinas serão sobre Farmácia Viva; Grafismos Kayapó; Artesanato Kayapó; Farinha de Batata Doce; e Cacau.

Estão convidados indígenas das mais diversas etnias (e também não indígenas), para uma troca de conhecimentos e experiências, como pode ser visto no depoimento de Moté Kayapó, Guerreiro Mebengokré da aldeia Moxkarakô, sobre a espera para a Feira:

“Eu gosto das pessoas. Gosto de kuben, Mebengokré, gosto de todo mundo. Meu povo já começou a limpar a aldeia para esperar as pessoas. Estou esperando que todos venham. Quando chegarem aqui, a gente vai se cumprimentar, vai ser só felicidade. Eu gosto de todos. Eu gosto de todos os meus irmãos.

Quero que eles apertem as mãos e os brancos também apertem nossas mãos. Eu gosto do branco, do índio. Eu quero que as pessoas venham pra cá, pra minha terra, para se cumprimentarem alegres.

Todos os velhos Mebengokré já morreram, não existem mais. Só eu ainda estou vivo nesta aldeia, cuidando do meu povo. Vou deixar que as pessoas cheguem, que gostem da nossa Terra. Eu vou ficar muito feliz, vou ficar aqui pensando sobre isso.

Todo o meu povo está muito feliz em receber os convidados. Nós já começamos os trabalhos na aldeia para esperar todos. Queremos que todos venham. Eu já falei todas essas coisas pra vocês escutarem, gravarem e mandarem para as pessoas ficarem sabendo.

Eu moro no centro da nossa Terra, no centro eu fiz minha aldeia e moro com meu povo. Quando os convidados chegarem, quero que todos comam bem, durmam bem. Vamos dançar juntos, comer juntos, banhar no rio juntos.

É isso que eu quero. Quero que todos venham, para sentarmos juntos, conversarmos e ajudarmos uns aos outros. Vou ficar aqui esperando”.

Abaixo, fotos sobre a preparação para a Feira:

A nire da aldeia Moikarakô pinta seu neto (Foto: Adriano Jerozolimski).
Aqui o meprire brinca com a capivara da aldeia.
Quebrando ouriço no castanhal. Aldeia Moxkarakô
Pintura corporal feita em uma de nossas crianças. Durante a Feira Mebengokré vamos fazer uma oficina para mostrar e ensinar nossas pinturas. Foto: Amanda Santana
Aqui a nire da aldeia kikretum pila o arroz (ba’ygógó)
As nire de Kendjan indo pra roça
Coletando castanha em Moxkarakô
Sem necessidade de comentários, as sementes do milho
A Aldeia

Fotos e informações compartilhadas de https://www.facebook.com/FeiraMebengokre.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.