Nós participantes do Seminário Nacional da 5ª Semana Social Brasileira, vimos a público denunciar e exigir providências.
A comunidade quilombola Rio dos Macacos na Bahia, que ocupa o seu território há mais de duas centenas de anos vem sofrendo todo tipo de violação de direitos por parte do Estado brasileiro.
Na década de 70 a comunidade teve o seu território ocupado pela Marinha de Guerra que expulsou mais de 50 famílias. Aquelas que de forma corajosa e resistente permaneceram no território sofrem hoje toda a violência: assédio diário à comunidade com dezenas de fuzileiros armados; invasão de domicílios com armas apontadas para a cabeça dos moradores, atentando contra os direitos das mulheres, violando sua privacidade; uso ostensivo de armamento exclusivo das forças armadas criando pânico e gerando traumas em crianças, adolescente e idosos; impedimento das atividades econômicas tradicionalmente desenvolvidas pela comunidade, como a agricultura e a pesca de subsistência ameaçando a segurança alimentar como forma de inviabilizar a permanência no território, o cerceamento do direitos de ir vir, proibindo e controlando a entrada de moradores, familiares, amigos e grupos que queiram apoiá-los; a intimidação ao processo de organização e solidariedade com uso de mecanismos de pressão como filmagens, fotografias, cercos, vôos rasos com helicópteros, etc.
O saldo desse conflito desigual que deve ser reparado é o alto índice de analfabetismo da comunidade, inúmeras mortes por falta de socorro e assistência a saúde, o agravamento da situação de miséria à medida que estão impedidos de realizarem as atividades produtivas e perdas do patrimônio cultural a partir da destruição das expressões artísticas, culturais e religiosas.
A Marinha de Guerra a partir do momento que a comunidade tem se levantado para denunciar as violações de direitos tem praticado atos de coação física e moral instaurando inquéritos policiais militares que criminalizam as lideranças intencionando coibir a liberdade de expressão com práticas similares ao período ditatorial.
O poder executivo não tem tomado as medidas cabíveis de averiguação das denúncias e punição dos atos criminosos, das garantias dos direitos humanos, políticos, sociais e culturais.
O governo brasileiro tem desrespeitado suas próprias leis à medida que não faz cumprir o direito das comunidades quilombolas de permanecer no seu território como afirma a constituição no artigo 68 do ato das disposições transitórias e do decreto 4887 que discrimina o rito do procedimento de identificação, delimitação e titulação das terras que as comunidades quilombolas ocupam. Está violando os tratados internacionais, especialmente a convenção 169 da OIT que garante os direitos das comunidades tradicionais.
Diante do exposto exigimos:
– A permanência da comunidade no seu território de identidade e resistência;
– Suspensão da Ação Judicial que intenciona a desterritorialização da comunidade;
– A suspensão imediata da violência, assedio e coação da comunidade;
– A apuração das denúncias de violação dos direitos humanos;
– A reparação da escravização histórica e contemporânea com acesso a políticas públicas de saúde, educação, moradia, apoio e incentivo às atividades produtivas e à valorização da cultura.
Nos solidarizamos a luta da comunidades e fortalecemos a esperança a partir da resistência da comunidade!
Brasília, 23 de agosto de 2012
Assinam:
1. Aldiza Soares da Silva – Pastoral da Criança
2. Alessandra Miranda – Cáritas
3. Alexania Rossato – Ass. Popular
4. Anita Puhl – CEBs N 2
5. Antonio Gomes dos Santos – MPP
6. Ari Alberti – Grito Excluidos
7. Bianca Borges – GT Saúde
8. Carmem Lucia Teixeira – Casa da Juventude
9. Cátia Cardoso – Cáritas
10. Célio Maranhão – Caritas NE 3
11. Cesar Bachim – P. Surdos
12. Cirlene Sasso – N4
13. Claudina Scapin – Mobilidade Humana
14. Cristiane Nadaleti – MAB/Ass. Pop.
15. Cristina Bové – Povo de Rua
16. Cristinados Anjos – Caritas
17. Dom Enemésio de Lazzaris – Bispo de Balsas-MA
18. Dom Guilherme Werlang – Bispo de Ipameri-GO
19. Dom José Luis Ferreira – Bispo de Pesqueira-PE
20. Dom José Moreira B. Neto – Bispo Três Lagoas MS
21. Dom Pedro Stringuini – Bispo de Franca-SP
22. Dom Roque Paloschi – Bispo de Boa Vista
23. Dom Sebastião Duarte – Bispo de Viana ? MA
24. Edison Costa – Cebi
25. Edison Gondim – PJ/CPT Norte 2
26. Emanuelson M. de Lima – JUFRA
27. Fabiane – S4
28. Francisco Vladimir – Imprensa
29. Frei Luis Carlos Lunardi – P. Aids
30. Gilberto Cardoso – CBJP
31. Inacio Werner – Centro Burnier
32. Ir DelciFranzen – CAIS
33. Ir Teresinha Tortelli P. P. – Idosa
34. Ir Ana Maria Soares
35. Ir. Ivani Brito – CRB Nacional
36. Ir. Renato Thiel – Assessoria
37. Ivo Poleto FMCJS
38. Jardel Lopes – S2
39. João Roberto Cavalcante – GT Saúde
40. Joceli José Andrioli – MAB
41. José Antônio Moroni – INESC
42. José Roberval Silva – SPM
43. Josenaldo P. da Silva – JOC
44. Laurineide Santana – CPP
45. Luciane Bassegio – Grito Cont.
46. LuisBassegio – Grito Cont.
47. Maria do Carmo Silva – Pastoral da Criança
48. Maria José H. Pacheco – Past. Pescadores
49. Marilene Cruz P. – Menor
50. Marizelha Lopes – MPP
51. Michele Vieira – PJ
52. Monica Andrade P. – Operária
53. Pe Alcimar Araújo – N1
54. Pe Ari Antônio dos Reis – CNBB
55. Pe Bernard Lestiene – IBRADES
56. Pe Flavio Lazzarin – CPT
57. PeGabrieliCipriani – MEB
58. Pe Jean Mari Van Damme – NE 5
59. Pe José André da Costa – Assessoria
60. PeJurandyr Azevedo Araújo – P. Afro-brasileira
61. PeLuisSeppi – Noroeste
62. PeWalaceZanon – Nômades
63. Pe. Gianfranco Graziola – Norte 1 e Past. Carcerária
64. Regilvania Mateus – NE 1
65. Roberto Malvezzi – Assessoria
66. Rosa Maria Martins – CRB Nacional
67. Rosilene Wanseto – Rede Jubileu
68. Sebastião Venâncio – P. Saúde
69. SueliA. da Silva – PMM
70. Thiesco Crisóstomo – PJ
71. Vânia Lucia Ferreira – Pastoral da Criança
72. Vera Lúcia Lopes – Pastoral Afro
73. Waldir José BohnnGass – CEBS Porto Alegre