Movimentos sociais do Estado articulam mobilizações para debater o assunto
Flávia Bernardes
A publicação do Decreto 7.794, que instituiu a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, não contemplou a função social da terra e o acesso à água como bens de domínio público. A reclamação foi feita por 36 entidades representantes dos movimentos sociais ligados às comunidades tradicionais brasileiras.
Segundo elas, o decreto deveria ser formulado a partir de proposições apresentadas ao governo pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), da qual fazem parte os movimentos sociais. Mas, após 18 meses de diálogo com o governo federal, o debate foi interrompido.
“O texto do decreto, embora contemple consensos estabelecidos em reuniões de negociação, deixa de contemplar pontos fundamentais. A participação da sociedade na gestão da política foi restringida”, denunciam os movimentos.
As entidades ressaltam que a função social da terra é fundamental para a preservação da cultura, a garantia da sustentabilidade e o fortalecimento das comunidades tradicionais brasileiras.
Reclamaram que o governo federal também não anunciou, até o momento, medidas concretas para a efetivação do Decreto, o que deixa a sociedade insegura, conforme alertou o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Segundo os movimentos, a não resposta do governo federal às pautas dos movimentos poderá resultar em mobilizações nos estados. No Espírito Santo, os movimentos representados pela Via Campesina, como o MST-ES e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) articulam mobilizações – ainda sem data marcada – para ampliar o debate sobre a agroecologia.
Ainda que com gargalos, os movimentos cobram a efetivação imediata da política, mas não excluem novas manifestações como a ocorrida em Brasília no último dia 20, reunindo cerca de seis mil representantes de entidades ligadas a comunidades tradicionais e ao campo.
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