Por Mair Pena Neto, do blog Direito da Redação
A história da ditadura implantada com o golpe de 1964 no Brasil, com suas conseqüências na vida das pessoas e do país, ainda está sendo contada. No período de uma geração em que se estendeu, afetou milhares de famílias e mudou o curso de existências, cujos detalhes vêm, aos poucos, à tona, através de livros, filmes, e, espera-se agora, com o trabalho da Comissão da Verdade.
O filme Marighella, de Isa Grispun Ferraz, se soma a este esforço com uma característica singular. Sua diretora é sobrinha do ex-inimigo número um da ditadura, e a história que leva à tela tem como ponto de vista original a admiração e a curiosidade de uma menina sobre um tio querido e misterioso, que aparecia e desaparecia de tempos em tempos, mas sempre de uma maneira marcante e afetuosa.
Marighella, o filme de Isa, não é sobre o guerrilheiro e, sim, sobre o homem, o tio Carlos, casado com a tia Clara (Clara Charf, companheira de Marighella e uma das depoentes do filme). O mérito de Isa é humanizar uma figura, publicamente exposta como terrorista pela ditadura, executado em 1969, numa emboscada armada pelo aparato repressivo, e essencialmente conhecido como o líder da ALN, que rompeu com o Partido Comunista e optou pela luta armada. (mais…)
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