Segundo a vítima, homem disse que ‘negro não serve pra nada’. Crime é inafiançável, pode haver multa e pena é de até 5 anos de prisão
Uma advogada que trabalhava na prefeitura de Campinas (SP) aguarda a decisão da Justiça pelo tratamento denunciado como racismo recebido de um contribuinte. O crime de racismo é inafiançável, pode haver multa e a pena vai de um a cinco anos de prisão. Os casos de injúria racial, em que a pessoa atribui uma característica pejorativa ocorrem em situações mais frequentes por nacionalidade, cor, local de moradia e profissão, segundo a Comissão do Negro.
Ana Vanessa Silva foi vítima de preconceito e há três anos aguarda a decisão do processo judicial. “Eu não quero ser atendido por uma pessoa negra”, disse o contribuinte. O caso ocorreu ao enfrentar um constrangimento durante o atendimento. Ela disse que o homem ficou nervoso ao verificar que seria atendido por uma negra. “Negro não serve pra nada, negro só faz coisa errada”, afirma sobre o modo que o contribuinte comentou. O homem responde o processo em liberdade e se for condenado pode ficar até quatro anos preso.
Assumir um preconceito não é algo comum, muitas atitudes revelam um pré-julgamento e podem desvalorizar a pessoa socialmente. “Se você mora num determinado bairro ou em uma determinada região, então você já é conceituada por aquela região e baseado nisso você sofre prejuízos até quando vai procurar emprego”, afirma o presidente da comissão, Ademir José da Silva.
Os reflexos para quem sofre algum tipo de preconceito podem muitas vezes se tornar irreversíveis. “Nos momentos extremos de uma situação aguda, de constrangimento, de exposição, essas pessoas sofrem muito mesmo que podem evoluir para alguns quadros psiquiátricos”, explica o psiquiatra Eduardo Henrique Teixeira.
Piracicaba
Na região, um agricultor de 31 anos foi preso em Piracicaba (SP), por suspeita de racismo. Ele foi abordado em flagrante pela Guarda Municipal (GM) no cruzamento da Rua João Sampaio com a Avenida Carlos Botelho, no bairro São Dimas, enquanto pichava o muro de um viodeokê com mensagens ofensivas contra coreanos. O local é administrado por asiáticos. Levado ao 1° Distrito Policial (DP), o agricultor acusado de racismo foi defendido pelo advogado Adilson Dauri Lopes, que negou a participação do cliente na pichação.
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http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2012/08/advogada-denuncia-contribuinte-por-racismo-em-campinas.html