Policiais chegam a reserva Xavante na terça-feira

Servidores federais em greve podem prejudicar plano de retirada dos não-índios

Vinte inspetores da PRF serão deslocados para a terra indígena, que ainda terá membros do Exército e da Polícia Federal

Laura Nabuco, Da Reportagem

O Plano de desocupação da reserva indígena de Marãiwatsede prevê a instalação de uma base operacional da Fundação Nacional do Índio (Funai), bem como da forças de segurança que vão atuar na retirada dos não-índios da área. O posto vai apoiar o trabalho de notificação dos invasores dos 165 mil hectares, pertencentes a etnia Xavante em Alto Boa Vista (distante 1.064 km de Cuiabá).

Além dos técnicos da Funai, a base vai abrigar homens do Exército, da Força Nacional de Segurança e da Polícia Federal. Uma equipe de 20 agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) também se desloca para a região na próxima terça-feira e ocupará o espaço. A PRF é o único órgão entre os escalados para atuar na desapropriação que não está em greve.

Desde que a BR-158 foi bloqueada na altura da localidade conhecida como Posto da Mata, em junho deste ano, a PRF reforçou o policiamento. A nova equipe vai trabalhar no controle dos acessos à terra indígena e evitar que novas manifestações ocorram. A rodovia teve o fluxo interrompido pelos posseiros que vivem na região em forma de protesto pela queda da liminar que garantia suas permanências na área alvo de litígio. 

Com a determinação da Justiça Federal pela desocupação da área, também conhecida como Gleba Suiá Missu, até o final do mês, o temor é de conflito armado na área e de represália aos índios. Na semana em que a sentença foi publicada, pelo menos duas cabeças de gado foram incendiadas dentro das terras indígenas.

Para evitar ataques semelhantes, a brigada de incêndios (Prevfogo) do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também terá atuação, fazendo o monitoramento de focos de calor criminosos na reserva.

A previsão é que servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que estão paralisados há mais de um mês, também sejam deslocados à região para dar continuidade ao credenciamento das famílias que tiverem perfil para serem beneficiadas com terras do governo federal. O trabalho teve início em 2003 e foi retomado em 2011, mas não pode ser concluído devido à resistência de alguns moradores.

A estimativa do Incra é que pelo menos 500 famílias estejam aptas a receber lotes em três fazendas, localizadas na região de Ribeirão Cascalheiras, distante 175 quilômetros do local de onde os produtores terão que sair. O número de possíveis beneficiados, no entanto, diverge muito da quantidade de pessoas que a Associação dos Produtores Rurais da Gleba Suiá Missú (Aprosum) diz viver no local, pelo menos duas mil.

Esta semana, a Justiça Federal notificou a Funai para apresentar uma relação atual com o nome dos invasores em 48 horas, mas até ontem, o rol não foi entregue.

O território é disputado entre produtores e xavantes desde 1993. Duas sentenças, a primeira da Justiça Federal em 2007 e a segunda do Tribunal Regional Federal da 1ª Região em 2010, já determinavam que o local pertence aos índios. Uma séria de liminares, no entanto, vinha garantindo a permanência dos posseiros. Com a derrubada da última delas, o juiz federal substituto Marllon Sousa determinou a elaboração do plano de desintrução pela Funai. A proposta foi homologada no último dia 31.

Enviada por Van Caldeira para lista Cedefes.

http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=415464

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