Falta de sinalização compromete primeiro dia da Cúpula dos Povos no Rio

Anderson Dezan - O advogado Júlio da Silveira tenta entender o mapa de cabeça para baixo

Sem mapas e orientações, participantes ficam perdidos no evento realizado no Aterro do Flamengo

Anderson Dezan – iG Rio de Janeiro

“Antes de vir para cá, imprima um mapa que tem no site porque vai precisar. Aqui é muito grande e as pessoas estão perdidas”. Ouvida pelo iG, a recomendação de uma jovem para uma amiga ao celular, nessa sexta-feira (15), reflete bem o primeiro dia da Cúpula dos Povos, evento paralelo a conferência Rio+20 que ocorre no parque do Aterro do Flamengo na zona sul da capital fluminense.

O encontro é composto por 60 tendas espalhadas em uma área que vai do Museu de Arte Moderna (MAM) até o bairro do Flamengo onde acontecem palestras, debates e oficinas simultâneas que começam pela manhã e só terminam à noite. Uma oferta ampla para agradar todos os participantes, não fosse um porém. Falta sinalização e indicações na cúpula, deixando todos perdidos.

 

As tendas são relacionadas por letras ou números, mas as identificações não estão fixadas nelas. Em algumas poucas ainda é possível encontrá-las porque seus responsáveis improvisaram cartazes. Também são poucos os mapas espalhados pelo evento. Mas esses não chegam a ajudar muito porque não possuem o recurso do “você está aqui”, ou seja, quem já estava perdido fica ainda mais na dúvida. Para piorar a situação, um dos mapas encontrados pela reportagem ainda estava de cabeça para baixo.

Informações desencontradas

Montada para ser um espaço da sociedade civil dentro da Rio+20, a Cúpula dos Povos também não contribui para promover a participação da população. Quem não imprime a programação antes de ir para o evento, não a encontra no local, ficando sem saber o que acompanhar.

Aqueles que conseguem superar todos os imprevistos listados acima, ainda podem ter uma última surpresa desagradável. A reportagem foi acompanhar uma oficina de reciclagem e, uma hora depois de procurar a tenda, descobriu que a atividade tinha sido programada para um espaço destinado a outra. Detalhe: nem as pessoas que comandariam a oficina sabiam disso. A atividade acabou acontecendo em um espaço improvisado.

Alexandre Rea foi ao evento e estava desanimado com as dificuldades encontradas. “Tem muitas pessoas trabalhando aqui, mas as informações estão desencontradas. Muitos não sabem aonde ocorrem os debates. Fiquei 30 minutos procurando a tenda que queria, cheguei em outra por acaso e, quando estava no meio da atividade, apareceu uma pessoa da organização que finalmente indicou qual era o espaço que eu procurava. Espero que até o último dia melhore”, disse.

O advogado Júlio da Silveira também sofria para se localizar olhando o mapa que estava de cabeça para baixo. Ele queria encontrar um espaço que receberia um debate sobre migrações. “O evento está muito disperso. Só vejo pessoas perdidas passeando. Não tem sequer um auditório. Olhei no site a programação e oficialmente parece que tem muitas coisas acontecendo, mas você vem para cá e não vê isso. A impressão que dá é que daqui não vai sair nada para transformar o mundo”, opinou.

http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/meioambiente/2012-06-15/falta-de-sinalizacao-compromete-primeiro-dia-da-cupula-dos-povos-no-rio.html

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.