Diagnóstico mostra que, sem medidas estruturantes, algumas regiões podem enfrentar falta de abastecimento até 2015.
Paula Filizola – Correio Braziliense
Brasília – A mais dramática seca dos últimos 30 anos, que atinge os nove estados nordestinos e o Norte de Minas Gerais, já levou mais de 900 municípios a terem a situação de emergência reconhecida pelo Ministério da Integração Nacional e um prejuízo estimado ao Produto Interno Bruto agropecuário de R$ 12 bilhões. O fenômeno climático, tradicional da região, custou – de janeiro a junho – R$ 3,5 bilhões aos cofres públicos brasileiros e ainda deve consumir mais verbas. Todos os danos registrados até agora ocorreram no que deveria ser a estação das chuvas na região. A época oficial de estiagem começou no início de junho e se prolonga até o fim do ano.
Os R$ 3,5 bilhões correspondem a cerca de um quarto do total do projeto de transposição do Rio São Francisco, que pode custar mais de R$ 12 bilhões. Em cinco anos de obras, o valor já aumentou 77%. Do total repassado pelo governo para atenuar os efeitos da estiagem, quase R$ 191 milhões foram repassados para ações específicas de assistência nesses estados afetados (veja tabela), além de mais de R$ 300 milhões do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome para a construção de cisternas. No entanto, esse montante equivale somente a ações de enfrentamento a curto prazo da situação no local, com medidas como abastecimento de água por meio de carros-pipa, liberação de crédito extraordinário, seguro safra, bolsa-estiagem, que ilustram a política de compensação e improviso da chamada “indústria da seca”.
Apesar de ser uma ajuda essencial em se tratando da sobrevivência da população do semiárido brasileiro, o valor salta aos olhos, principalmente porque contempla somente providências estritamente emergenciais. A avaliação de especialistas é de que é possível criar uma infraestrutura adequada e sustentável a longo prazo, dentro da lógica de convivência com o semiárido, com um investimento bem mais razóavel. (mais…)