Discordância entre senadores marca audiência sobre Pinheirinho

No início da audiência pública promovida nesta quinta-feira (23) pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) sobre denúncias de violência policial na desocupação de Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), os senadores Aloysio Nunes (PSDB-SP) e Eduardo Suplicy (PT-SP) tiveram uma áspera discussão sobre o propósito do debate.

A ação ocorreu em janeiro, quando a Polícia Militar (PM) retirou as famílias que viviam na área desde 2004 depois de uma decisão judicial. O terreno pertence à massa falida do grupo Selecta, do investidor Naji Nahas. A reintegração desalojou do local 1.600 famílias, num total de 6.000 pessoas.

Corforme Aloysio Nunes, teria sido feito um acordo para que o debate não tratasse apenas de Pinheirinho, mas incluísse outras desocupações semelhantes apontadas por ele, também com denúncias de abuso da Polícia Militar, realizadas no Distrito Federal, no Acre e no Piauí.

“Isso me dá ideia de que nós estamos diante de uma operação política e que o PT terceiriza o radicalismo de outros para promover seus interesses eleitorais. Estamos diante de uma operação política visando atacar politicamente o governo de São Paulo”, protestou o senador tucano. O senador argumentou que a força policial de São Paulo “agiu cumprindo ordem judicial” e também afirmou haver “muita mentira” sobre mortes e violência durante a operação de desocupação.

O tucano aproveitou a audiência para atacar os líderes comunitários do movimentos, classificando alguns como “parasitas”. Segundo o tucano, foi armado um “circo” dias antes da reintegração e a Polícia Militar agiu com todo cuidado para “causar o menor trauma possível”. “Tinha gente querendo brincar de insurreição, pseudos-revolucionários, prontos para radicalizar”.

Em resposta, Suplicy negou que tivesse interesse de usar eleitoralmente o caso e assegurou que o entendimento da comissão foi o de discutir, nesta quinta-feira, apenas a questão de Pinheirinho, o que incluiu convite a secretários do governo de São Paulo, juízes envolvidos na decisão de desocupação e representante da força policial do estado que não compareceram à audiência.

O petista disse esperar que Ferreira “tivesse dignidade de ver” as cenas das barbaridades que aconteceram na desocupação e destacou todos as autoridades envolvidas no caso foram chamadas. “O senador Aloysio Nunes precisa primeiro ouvir [os relatos sobre] o que ele acha que não ocorreu. Estão aqui os exames médicos, os vídeos das pessoas e das cenas ocorridas, em que ele diz que não houve violência”, respondeu Suplicy, ao citar nomes de pessoas presentes à reunião da CDH e que teriam sido agredidas por policiais durante a reintegração de posse.

Durante a audiência foram ouvidos representantes dos ex-moradores do Pinheirinho e da Secretaria Nacional de Habitações, ligada ao governo federal. O prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury, foi convidado para participar da audiência, mas informou que não poderia comparecer. Também foram convidados e não compareceram o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Ivan Sartori; o juiz Luiz Beethoven Ferreira; o comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, Alvaro Batista Camilo, e o secretário de Habitação do Estado de São Paulo, Silvio Torres.

Na presidência da reunião, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) se comprometeu a marcar para a próxima segunda-feira (27) audiência pública para discutir as denúncias de violência da Polícia Militar em operações de desocupação no Distrito Federal, Acre e Piauí. Mas em razão de dificuldades para se contatar todos os convidados para essa data, a audiência foi agendada para o dia 1º de março.

http://sul21.com.br/jornal/2012/02/audiencia-sobre-pinheirinho-comeca-com-discordancia-entre-senadores/

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