Um estudo do departamento de Geografia da UFF identificou espaços de risco da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, devido à poluição atmosférica produzida pelo Arco Metropolitano e pelas indústrias Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Uma das mais importantes conclusões da pesquisa é que os empreendimentos trazidos para alavancar a retomada econômica do Rio estão localizados em áreas que têm grande potencial para concentrar poluentes, onde a população é extremamente vulnerável, com condições de vida e saúde muito ruins, com poucos hospitais e leitos e que, por isso, são espaços de risco alto para a população. Nas proximidades do Arco Metropolitano, por exemplo, estão sendo instaladas indústrias pesadas, como o Comperj e a CSA que, sozinha, produzirá 9,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), aumentando em mais de 76% as emissões deste gás na cidade do RJ, que hoje é de pouco mais de 12,7 millhões de toneladas, considerando-se todas as fontes de emissão.
Entre as cidades estudadas, há casos como Duque de Caxias e São João de Meriti, que se caracterizam como cidades dormitórios, com problemas de saneamento, moradia, saúde e educação e são a residência de quase um terço (27%) da população da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Segundo os autores do estudo, o doutorando Heitor Soares de Faria e o professor orientador Jorge Luiz Fernandes de Oliveira, o objetivo da pesquisa era analisar a sustentabilidade dos novos empreendimentos.
A Região Metropolitana do Rio, segundo eles, concentra uma população de mais de 11 milhões de pessoas (74% da população do estado), numa área de 6.500 km2 (15% da área total do estado) e é a região metropolitana com a maior concentração econômica e demográfica do país. Nessa região, está localizada a maioria das indústrias do estado, além de comércio e serviços altamente especializados.
O estudo identificou como áreas de potencial muito alto para concentrar poluentes no município do Rio, os trechos ao longo da Avenida Brasil, principalmente nos bairros de Santa Cruz, Campo Grande, Bangu e em grande parte da zona norte, centro e zona sul. Também foram observados potenciais alto e muito alto no centro de Niterói e em grande parte dos municípios de São Gonçalo e Baixada Fluminense, como Belford Roxo, São João de Meriti, Nilópolis, Mesquita, Nova Iguaçu, Queimados, Japeri, Seropédica e Duque de Caxias.
A pesquisa traz mapeamento dos riscos para cada uma das situações, pois os municípios e as áreas do Rio têm perfis diferentes em relação à saúde, saneamento, educação, renda ou mesmo demografia.O estudo avaliou ainda a situação de áreas receptoras de poluentes que, muitas vezes sequer têm fontes significativas de poluição, mas, de acordo com a direção dos ventos e da capacidade de retenção de poluentes em sua região, são muitas vezes mais atingidas que o próprio centro emissor. Os setores com as melhores condições de vida estão concentrados em Niterói e zonas sul, oeste e parte da zona norte do Rio, como grande Tijuca e Vila Isabel. Os espaços de alto risco são áreas extensas e se concentram nos municípios da periferia e na extrema zona oeste do Rio. Já os espaços de risco muito alto estão concentrados próximos às áreas industriais e rodovias de grande fluxo.
Para o estudo, realizado em 2010, as trajetórias de parcelas de ar foram simuladas em diferentes horários (9h e 18h) e a alturas de 0m para o escapamento de veículos e 70m para a chaminé das indústrias, nos meses de janeiro e julho (verão e inverno). Os dois horários foram escolhidos por representarem momentos distintos de radiação solar e com grande fluxo de veículos. A altura de 0m foi utilizada na simulação das trajetórias de ar que saem das rodovias, enquanto que a altura de 70m foi utilizada para simular as trajetórias de ar que saem da CSA e Comperj.
Enviada por Fórum Carajás.