Panamá, 11 fev (Prensa Latina) A Comissão da Verdade criada por indígenas panamenhos para investigar a repressão policial aos protestos dos nativos, que deixaram três mortos, revelou hoje que se contabilizaram 110 desaparecidos.
Essa situação mantém-se em meio a difíceis negociações que se realizam na Assembleia Nacional entre indígenas, deputados e mediadores, quase estancadas agora por dificuldades em chegar-se a um acordo sobre a construção de hidroelétricas nos territórios dos originários.
Os indígenas falam de um terceiro morto na repressão ao encontrar-se o cadáver em decomposição de uma mulher na área de conflito em San Félix, Chiriquí, revelou o cacique Celio Guerra, presidente do Congresso Tradicional Ngöbe.
Também disse que outra menina foi estuprada por policiais, o que somaria duas menores nessa situação. O ministro do Governo, Jorge Ricardo Fábrega, disse que se investiga o fato e espera que se apresente a denúncia sobre o mesmo.
Os indígenas da Comarca Ngöbe Buglé bloquearam a via Interamericana desde terça-feira 31 de janeiro em diferentes pontos de Chiriquí, em rejeição à eliminação do artigo 5 de um projeto de lei de mineiração, que proíbe concessões em seu território.
No domingo, 5 de fevereiro, o Governo reprimiu os indígenas, e morreu no conflito Jerónimo Rodríguez Tugri e o menor Mauricio Méndez, cujas causas ainda são investigadas, além do último caso reportado da indígena ainda não identificada.
O mais preocupante agora são os 110 desaparecidos, pois testemunhas como Dabari Krundu, da Coordenadora indígena, asseguram que houve mais mortes mas isso não tem saído à luz pública porque a polícia transportou os cadáveres em helicóptero.
O doutor Vicente Saldaña, que preside a Comissão da Verdade, disse que investiga-se se podem confirmar a veracidade das violações, e da suposta indígena morta pois não se pôde verificar as denúncias sobre desaparecidos.
http://www.prensa-latina.cu/index.php?option=com_content&task=view&id=477033&Itemid=1