CHOQUE DE GESTÃO NÃO ATINGE PROFESSORES DO ENSINO TÉCNICO FEDERAL
Em meio à grande expansão (necessária) que aconteceu no ensino técnico federal, os novos professores são deixados à míngua. Diferentemente dos seus pares nas universidades federais – mas com mesmo grau de titulação – os novos professores não conseguem o enquadramento na carreira de acordo com sua titulação e nem conseguem optar pela dedicação exclusiva (DE), essencial para que possam se dedicar à pesquisa.
A confusão acontece porque os institutos federais, que sucederam as escolas técnicas federais, para além da expansão enorme que tiveram, agora têm também participação nos segmentos ensino técnico, graduação e pós-graduação. Os professores atuam de bom grado nos três segmentos, mas pós-graduação pressupõe pesquisa, juntamento com professores de maior titulação. E os mais novos em grande parte têm essa titulação, mas não recebem de acordo.
Muitos professores mais antigos, como eu, atingiram a titulação necessária já trabalhando nos institutos (ex-escolas técnicas) e são beneficiados, se já tinham optado pela dedicação exclusiva (DE) e por regras de enquadramento anteriores, que dão aos mais antigos os mesmos salários das universidades. Temos carga horária maior em sala de aula do que nas universidades, é verdade, mas eu também acho que a carga das universidades é muito pequena.
p>Mas os mais novos continuam a ter salários achatados, pois até hoje não foram resolvidas as contradições que existem nas novas regras de enquadramento e na concessão da DE. Com isso, eles têm a mesma carga horária dos professores mais antigos, mas com salários muito inferiores. Uma vez enquadrados e com DE, mesmo que não ganhassem os mesmos salários dos mais experientes, a quem o tempo de casa concede alguns percentuais a mais, o fosso não mais seria abissal.
Os reitores dos institutos optaram por esperar que as novas regras fossem definidas pelo governo federal e parecem não estar pressionando. Estão acomodados? Estão numa posição cômoda, eu diria. Mas, enquanto isso, uma nova greve se arma no ensino técnico federal e duvido que os professores mais novos não adiram a ela. E nós, mais antigos, vamos acabar aderindo, não só pelo bem deles, mas de todo ensino técnico federal. Pois a opção de não fazer nada significará perder muitos dos excelentes profissionais que conquistamos, que irão procurar quem os remunere de acordo, na área técnica ou nas universidades.
Um detalhe a mais na confusão: estamos comprando equipamentos, construindo e ampliando instalações como jamais aconteceu antes. Mas quem irá ensinar nesses ambientes mais que adequados? Todo esse investimento não será acompanhado pelo investimento em pessoal? Eu não chamaria isso de boa gestão.
Abraços a todos.
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/expansao-do-ensino-tecnico-federal-nao-atinge-professores