Transposição de rio atropela indígenas, quilombolas e camponeses, e emperra

Jorge Américo, da Radioagência NP

Ao longo do rio São Francisco vive uma população estimada em 70 mil indígenas. No trajeto há, também, inúmeros assentamentos rurais e comunidades quilombolas que correm o risco de desaparecer, devido às obras de transposição do rio. Recentemente, o empreendimento foi orçado em R$ 6,8 bilhões, 36% a mais do que a projeção inicial.

Na última semana, o noticiário abordou o abandono das obras por parte das empreiteiras. Em muitos casos, a construção começa a se deteriorar com rachaduras.

O professor da Universidade de Brasília (UnB) e relator do Direito Humano à Terra da Plataforma Dhesca, Sérgio Sauer, visitou as obras do canal leste (do Pernambuco à Paraíba). Um dos trechos corta parte considerável de uma área reivindicada pelos povos indígenas.

De acordo com Sauer, no Assentamento Jibóia – localizado a três quilômetros do rio – pelo menos 80 famílias sofrem com a falta de água potável.

“O canal corta o assentamento e, segundo relato das famílias, foi retirada quase toda a chamada reserva legal. E, para não dizer que as famílias não têm água, elas conseguiram comprar uma bomba com recursos do Incra e puxam a água diretamente do rio e jogam no assentamento. Não tem tratamento e é a água que eles estão utilizando para beber.”

A previsão é que os 220 quilômetros de obras no eixo leste sejam concluídos até o fim de 2014. No entanto, Sauer lembra que ainda não foram realizadas nem mesmo as obras compensatórias.

“Naquela região existem várias comunidades quilombolas, algumas já reconhecidas pela Fundação Palmares. Elas fizeram um acordo no qual o Ministério da Integração Nacional se comprometeu a construir casas, escolas e postos de saúde. E nada disso foi feito.”

http://fragmentosativos.wordpress.com/2011/12/12/transposicao-de-rio-atropela-indigenas-quilombolas-e-camponeses-e-emperra/

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