BA: Comunidades de Campo Formoso refletem sobre os impactos da mineração

Escrito por CPT Bonfim

Seminário sobre os impactos da mineração em Campo Formoso – BA cria comissão que dará seguimento ao processo de discussão sobre o tema. O grupo atuará nos colégios e comunidades atingidas animando a população para realizar uma audiência pública sobre o assunto. O seminário realizado nos dias 11 e 12 de agosto reunindo cerca de 50 pessoas: representantes de 11 comunidades, do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STR), professores e alunos do Pró Jovem.

No primeiro momento do evento os agentes da CPT de Bonfim destacaram “Quem é o amigo do Estado” apresentando dados que revelam um Estado convivente com o aumento dos grandes projetos gerados pelo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), e que desconsidera a população, tornando-se amigo das empresas.

Outro ponto apresentado foi a dimensão econômica da extração mineral no Brasil que representa 4,2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional das exportações. O Ferro, um dos minérios explorado no município de Campo Formoso aumentou de 136,41% entre fevereiro de 2010 e fevereiro de 2011, passando de USS 49,7 a US$ 117,5, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Durante o debate ficou evidente que a renda gerada pelas mineradoras não reflete em desenvolvimento paras as comunidade como é propagandeado. O que fica são problemas de saúde; diminuição da biodiversidade local; contaminação e morte de nascentes, rios e animais; rachaduras nas casas; acidentes; pouco emprego; problemas sociais; perda dos territórios; aumento da pobreza.

No relato de Seu Bobô, morador da comunidade de Brejo Grande, onde a FERBASA explora minério, o impacto negativo da mineração fica evidente: “uma estrada que ligava a comunidade a algumas propriedades dos moradores foi fechada devido o desmoronamento da serra. O poder público recebe o Cefen, mas que não é aplicado na comunidade. Gostaríamos de saber onde está aplicado este recurso?” Nesta localidade existia um rio de 30 km, hoje não tem mais. As nascentes secaram e construíram as barragens de rejeito. A água é imprópria para o consumo.

Rogério, secretário do meio ambiente do STR e morador da comunidade do Baixão, conta que a empresa CIMPOR (explora matéria prima para a produção de cimento) vem devastando a terra. “Já tem uma buraco com a altura de 15 metros, com uma nascente abaixo de dois metros, que se aprofundar mais corre o risco de inundar o local onde ocorre a exploração”. Relatou ainda que as casas e cisternas das comunidades vizinhas estão rachadas e a empresa não faz nada.

“Iniciativas como esta (seminário) são importante por tratar especificamente das conseqüências da mineração”, diz Cinthia, professora do Pró-Jovem. Apesar da proximidade, a população da cidade de Campo Formoso desconhece os impactos da mineração nas comunidades do município.

A comissão se reunirá no dia 29 de agosto, na sede do STR de Campo Formoso, para desencadear o trabalho de orientação sobre os impactos da mineração.

http://www.cptba.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=658:comunidades-de-campo-formoso-refletem-sobre-os-impactos-da-mineracao&catid=8:noticias-recentes&Itemid=6

 

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