Puccinelli ironiza obra parada e reclama de ‘dar papinha e camisinha’ para índios de MS

Alan de F. Brito, de Dourados

“Dá papinha pro índio, dá comida pro índio, dá camisinha [sic], camiseta pro índio, dá kit escolar pro índio, dá escola, dá casa pro índio, agora vai ter que tocar pro índio também?” A pérola foi disparada pelo governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), na sexta-feira (29), em Dourados, a 228 quilômetros de Campo Grande.

Não é a primeira vez que as opiniões do peemedebista causam indignação entre lideranças indígenas. Recentemente, após ser chamado de mentiroso e bater boca com um índio em evento com a presença da presidente do CNJ na mesma cidade, Puccinelli precisou sair escoltado contra a plateia enfurecida.

Desta vez, o governador destilou ironia ao falar sobre os povos indígenas sul-mato-grossenses quando esteve em Dourados para a entrega de 161 casas do conjunto habitacional Estrela do Leste. No local, Puccinelli foi questionado pela imprensa sobre a Vila Olímpica Indígena, situada na Reserva de Dourados, inaugurada, mas ainda sem funcionar por falta de administração.

Construída com verbas do Governo Federal, a vila foi entregue em nove de maio deste ano mas ainda não funcionou. Índios jogam futebol em um campinho improvisado na frente da estrutura, lacrada a cadeado. Sobre a depredação que o complexo já vem sofrendo pelo abandono Puccinelli afirmou: “Problema é dos índios cuidarem”.

Sobre a FUNAI – Fundação Nacional do Índio, Puccinelli já disse que o órgão federal “não serve para p**** nenhuma” e que deveria ser retirada das aldeias.

O governador é conhecido internacionalmente pela ‘língua solta’. Em um episódio inusitado, Puccinelli chamou Carlos Minc, então ministro do meio ambiente do Governo Lula de “viado fumador de maconha” e prometeu ‘estuprá-lo em praça pública’. Outras expressões do governador já se tornaram marca registrada, por exemplo, quando chamou sindicalistas de ‘vagabundos’, alunos de ‘burrinhos’ e professores de ‘vadios’.

A Vila Olímpica indígena

Desde a inauguração o Governo do Estado e a atual administração do município de Dourados estão em um jogo de ‘empurra-empurra’. Estado e o Município descartaram qualquer participação ou investimento no local, alegando que a área indígena é de responsabilidade da União.

O investimento e o início da construção da vila olímpica vieram ainda na gestão do então prefeito, hoje deputado estadual Laerte Tetila. Segundo o deputado federal Geraldo Resende, na época o então prefeito teria dito que o município se responsabilizaria pela administração do complexo. “Não sei dizer por que a atual administração rompeu o acordo”, afirmou.

Enquanto Estado e Município ficam nesta queda de braço, a UFGD – Universidade Federal da Grande Dourados – foi escalada para administrar a vila. Porém, o plano de administração apresentado pela universidade depende de contratação de profissionais, de investimentos e manutenção.

Ao todo seriam R$ 1,4 milhão, com verbas do Ministério da Justiça e Ministério do Esporte. Mesmo com a perspectiva de o plano de gestão entrar na dotação orçamentária da união, isso só aconteceria a partir do ano que vem.

Gestão indígena

O Funced entregou materiais esportivos para a escolinha de futebol que funciona na Aldeia Jaguapiru. Alguns coletes, bolas e rede para as traves foram entregues ao coordenador da escolinha, o indígena Livanir Aquino. À frente do projeto há mais de 20 anos, Livanir treina os meninos em um campo improvisado na frente da Vila Olímpica fechada.

O indígena acredita que enquanto as autoridades não se decidem sobre quem fará a administração oficial do complexo, os próprios moradores das aldeias deveriam fazê-lo.

Enquanto não há definição sobre a gerência da vila, populares, já insatisfeitos com o ‘elefante branco’, começaram a depredação da Vila Olímpica como é possível averiguar nas traves do campo de futebol, que já estão tortas.

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