Agentes da CPT no Acre são ameaçados de morte

Cumprindo o papel de denunciar as violações dos direitos dos homens e das mulheres do campo e das florestas, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) continua divulgando dados e números do seu relatório anual Conflitos no Campo Brasil 2010.  O documento vem à tona no momento em que o País ainda tenta digerir as revoltas populares que destruíram alojamentos e outros espaços no canteiro de obras da usina de Jirau, no rio Madeira, em Rondônia, e na usina São Domingos, em Mato Grosso do Sul, além das recentes mortes de três extrativistas no Pará, um em Rondônia e inúmeras ameaças de morte em especial na Amazônia. A reportagem é do jornal Página 20, 15-06-2011.

As ameaças de morte mais recentes foram feitas a agentes ligados à CPT Acre.  A primeira ao agente pastoral que atua em Boca do Acre, Cosme Capistano da Silva, e a segunda à coordenadora da CPT, Darlene Braga.

A coordenação da entidade acredita que essas ameaças são frutos da atuação da CPT nas divisas dos Estados de Rondônia e Amazonas, em especial nos seringais Macapá e Santo Antônio.

TELEFONEMAS

O primeiro telefonema ameaçador foi registrado dia 3 deste mês, às 21 horas.  Um homem, disfarçando a voz, ligou para o celular do agente Cosme Capistrano e disse: “Estou ligando para você avisar aos seus amigos da CPT que morreu gente no Pará e em Rondônia e que agora vai ser no Amazonas e no Acre.  E é daí por diante”.

Cinco dias depois foi feito um segundo telefonema, às 10h35.  Neste, um homem de voz grossa ligou na sede da CPT em Rio Branco e perguntou se era da Comissão Pastoral da Terra.  O funcionário Célio Lima disse que sim.  E o desconhecido complementou: “Você diga àquele seu amiguinho Cosme lá de Boca do Acre e àquela sua amiguinha Darleneque eles estão na lista”.  Em seguida desligou.

Em apoio e solidariedade aos agentes ameaçados, o Centro de Defesa dos Direitos Humanos e Educação Popular (CDHEP), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi ) e a Rede de Educação Cidadã (Recid) discutiram e traçaram estratégias de como atuar frente à situação, reafirmando a importância da atuação da CPT junto ao homem e à mulher do campo.

A coordenadora da CPT lembrou que desde 1975 a Pastoral cumpre seu papel de denunciar as injustiças sociais e prestar um serviço à classe trabalhadora.  “A CPT contribuiu com a posse da terra em todo o país e não vai deixar de cumprir seu papel em decorrências a ameaças causadas pelo latifúndio.  Essas ameaças do latifúndio não irão nos amedrontar”, disse Darlene Braga.

 

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