Ministro da Saúde não recebe os Yanomami, não nomeia chefe do distrito sanitário e crise piora

A falta de posicionamento do ministro da Saúde Alexandre Padilha sobre quem continuará à frente do Distrito Sanitário Especial Yanomami (DSE-Y) gera revolta das lideranças, insegurança dos pilotos que temem nova apreensão das aeronaves e isolamento dos profissionais de saúde que trabalham na Terra Indígena Yanomami, aumentando a crise na assistência à saúde

A grande maioria dos polos base na Terra Indígena Yanomami continua sem receber os aviões que abastecem os postos de saúde e fazem a troca dos profissionais. A situação pode se agravar se os voos não forem normalizados, com a falta de remédios e insumos.

Neste domingo, 12 de junho, a empresa aérea contratada pela Funasa se recusava a fazer um voo para a aldeia Komixi (AM) alegando falta de garantia de que a aeronave voltaria para Boa Vista. O voo foi solicitado por profissionais de saúde que estavam no local e serviria para a remoção de uma criança que se encontrava em estado grave de saúde e portanto necessitava ser hospitalizada na capital. Mesmo as lideranças indígenas de Komixi garantindo que a aeronave não seria apreendida, a empresa se recusava a realizar o voo. Após uma intensa (e tensa) negociação entre a empresa e o DSE-Y, o voo foi realizado e no final da tarde a criança recebeu os atendimentos necessários em um hospital de Boa Vista. Leia mais.

Longe de ser um caso isolado, o DSE-Y passa por uma crise na assistência à saúde dos yanomami que se agrava a cada dia. Para Dário Yanomami, diretor da Hutukara Associação Yanomami (HAY), “só quem tem o poder de garantir a segurança dos voos é o ministro da Saúde que até o momento não se manifestou no sentido de solucionar o problema”.

Mesmo depois da liberação, no último dia 6 de junho, de um avião da Funasa retido na aldeia yanomami Watoriki (AM), o temor de novas apreensões faz com que os voos de rotina não sejam retomados. A HAY diz que não pode garantir que as aeronaves não sejam novamente apreendidas alegando que essa é uma decisão das comunidades que estão revoltadas com a tentativa do senador Romero Jucá de indicar o novo chefe do Distrito Sanitário Especial Yanomami (DSE-Y).

Na tentativa de resolver a situação, a Hutukara solicitou uma audiência com o ministro Alexandre Padilha para abrir um diálogo, mas até o momento não obteve nenhuma resposta. E até o momento não houve a nomeação oficial da pessoa que deve ser a chefe do DSE-Y. Os Yanomami mantém sua posição de que não aceitarão uma indicação de Jucá para o cargo e querem a permanência da atual chefe substituta do DSE-Y, a enfermeira Joana Claudete Mercês Schurtz.

Enquanto o impasse permanece, novas manifestações de apoio aos Yanomami chegam na Hutukara, como a carta enviada pela Secoya – Serviço e Cooperação com o Povo Yanomami – e pelo Comitê Regional da Funai de Boa Vista – RR.

 

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