Reserva já teve 31% de área destruída, aponta relatório da Funai. Segundo Survival, entre 60 e 100 isolados são ameaçados por madeireiros.
Do Globo Natureza, em São Paulo
O povo indígena awá-guajá, que tem parte de sua população vivendo isolada dentro da reserva no oeste do Maranhão, corre o risco de desaparecer por conta do avanço da atividade madeireira e da exploração de seu território. O alerta foi feito nesta segunda-feira (14) pela organização não governamental (ONG) Survival International, que teve acesso a um relatório detalhado sobre a situação dos awá-guajá, elaborado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) em agosto de 2010.
Segundo o relatório, 31% da floresta na reserva dos indígenas já foi derrubada de maneira ilegal. A ONG também destaca que o povo vive em três das cinco áreas indígenas que sofreram maior devastação em 2009. “Madeireiros e colonos invadiram o território, mas nada foi feito para removê-los, embora autoridades estivessem cientes”, diz a Survival, em nota.
A ONG calcula que existam cerca de 360 índios da etnia que já entraram em contato com sociedades externas, vivendo em diversas comunidades. Mas entre 60 e 100 indígenas permaneceram em situação de isolamento. Para isso, dependem da integridade da floresta, que está sendo destruída pela atividade ilegal.
A presença de invasores em áreas próximas das aldeias também representa ameaça à saúde dos indígenas, que não têm imunidade a vírus comuns em outras sociades. Uma simples gripe, por exemplo, pode ser fatal para os indígenas.
No relatório com cerca de 30 páginas divulgado ONG, a Funai destaca a “extração ilegal de madeira e usos indevidos de terra, por exemplo, para o cultivo de maconha e realização de atividade pecuarista”. O órgão também afirma que “a inexistência de levantamento fundiário atual contribui para o desconhecimento dos responsáveis pelos ilícitos” e destaca ser “expressamente necessária a realização de novo levantamento fundiário” na região.
http://g1.globo.com/natureza/noticia/2011/02/grupo-indigena-isolado-pode-sumir-por-desmatamento-no-ma-diz-ong.html