Adital – Não é apenas na Costa Rica que povos e organizações ambientalistas são contrários à atividade mineira. No Peru, comunidades também estão engajadas contra a mineração, mais especificamente, contra a exploração mineira na Lagoa de Conococha. A questão foi debatida na quinta-feira passada (28) por organizações, comunidades camponesas e autoridades no Fórum “Consequências da Exploração Mineira na Lagoa de Conococha”, realizado no auditório do Congresso da República.
Na ocasião, a Comunidade Camponesa de Huambo, localizada do departamento de Ancash, concordou em declarar a Lagoa, cabeceira da bacia dos rios Santa, Fortaleza e Pativilca, como zona intangível e de área natural protegida pelo Estado. A Comunidade ainda apresentou apoio à luta em defesa da vida da Lagoa de Conococha e anunciou que, no próximo dia 13, acontecerá um Plenário Regional na localidade de Cajacay para discutir acordos de fortalecimento de estratégias de luta legal e técnica.
A luta dos integrantes da Comunidade é contra as ações da empresa mineira Chancadora Centauro na área da Lagoa de Conococha. De acordo com informações da Coordenadora Andina de Organizações Indígenas (CAOI), a companhia mineira pretende realizar atividades mineiras no local, “pondo em risco de desaparecimento a lagoa, contaminando suas águas e pondo em perigo de extinção a fauna e a flora”.
Segundo a Coordenadora, o congressista Fredy Otárola já denunciou a falta de “estudo sério” de impacto ambiental do projeto mineiro e a pressão que está ocorrendo nas comunidades para que elas deem o visto positivo para início das atividades.
Diante desse quadro, o Fórum, organizado pela Frente de Defesa e Desenvolvimento da Comunidade Camponesa de Huambo e pelo escritório do congressista Fredy Otárola, encomendou às autoridades distritais e provinciais da zona o início das ações para conseguir a declaração da cabeceira da bacia como área intangível e natural protegida. Ainda pediu a formação de uma equipe técnica para continuar as atividades legais de anulação do convênio assinado entre Chancadora Centauro e um pequeno grupo de integrantes da comunidade.
Participaram do evento mais de 300 líderes camponeses e autoridades, como os prefeitos provinciais de Recuay, Nilton León Vergara, e de Bolognesi, Vladimiro Alvaro; e os prefeitos distritais de Catac, Eduardo Herrera, e de Aquia, Alberto Vásquez Tafur, que se comprometeram em defender a Lagoa de Conococha e em não permitir a exploração mineira na área.
O caso será ainda destaque no “Fórum dos Povos Indígenas: Mineração, Mudança Climática e Bem Viver” que acontecerá entre os dias 18 e 20 de novembro, na capital peruana. A ideia será aproveitar o momento para articular ações de defesa da vida e dos direitos dos povos contra a atividade mineira.
Lagoa de Conococha
Localizada nas províncias de Recuay e Bolognesi, departamento de Ancash, a 4.100 metros acima do nível do mar, a Lagoa de Conococha, que significa água quente, faz parte das comunidades camponesas de Huambo e Chiquián. Além disso, é cabeceira dos rios Santa, Fortaleza e Pativilca e uma das principais fontes de água para o consumo humano e para a agropecuária da região.
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