‘A Mãe Terra é quem nos culpa’

A combinação de fatores climáticos com as ilhas de pobrezas no ‘mar’ de cana, que é a Zona da Mata em Pernambuco, tornou vulnerável as cidades da Região às catástrofes ditas ‘naturais’. A Mãe terra é quem nos culpa”, escrevem Plácido Junior e Renata Albuquerque, da CPT Nordeste II, sobre as enchentes em Pernambuco e Alagoas, em artigo publicado no portal da CPT, 07-07-2010. Eis o artigo.

Nas vésperas da festa de São João, festa da colheita do milho no Nordeste brasileiro, assistimos com muita tristeza as enchentes na Zona da Mata Sul de Pernambuco e Zona da Mata Norte de Alagoas. Foram vidas ceifadas, casas destruídas, escolas e hospitais sem condições de funcionarem, pontes levadas pela força das águas, um verdadeiro cenário de guerra.

As últimas estimativas falam em 57 mortes, sendo 39 em Alagoas e 20 em Pernambuco. No estado alagoano, passa de 26 mil o número de desabrigados e de 47 mil o de pessoas desalojadas. Já em Pernambuco, são mais 26 mil desabrigados e mais de 55 mil desalojados. Mas, como todo cenário de guerra tem sempre inimigo e culpados, escolheram desta vez a Natureza como responsável.

Não podemos negar que existem fatores climáticos por trás da tragédia ocorrida. Durante quatro dias choveu mais de 400 mm³ nas regiões afetadas. Precipitação essa, provocada, segundo os especialistas, pelo aquecimento do Atlântico. No entanto, é preciso ter um olhar mais profundo do ocorrido. As regiões atingidas pelas enchentes são marcadas pala concentração da terra, pelo monocultivo exportador da cana-de-açúcar, pelo trabalho precarizado e análogo ao trabalho escravo e pela degradação ambiental. Municípios da Zona da Mata Pernambucana, por exemplo, possuem índices GINI de concentração de terras que chegam a atingir 0,9 (pelo índice de GINI, quanto mais próximo do número 1, maior é a concentração de terras). (mais…)

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Mapa da pobreza na América Latina

A pesquisa leva em conta não apenas a situação de renda das famílias, mas também parâmetros de acesso a serviços básicos. A Argentina ocupa o terceiro lugar na qualidade de vida das crianças pobres, com uma incidência de 28,7%.

A reportagem é de Sebastián Premici e está publicada no jornal argentino Página/12, 07-07-2010. A tradução é do Cepat.

Na América Latina há 80 milhões de crianças que vivem em situação de pobreza. Desse total, 17,9% moram em condições de pobreza extrema (32 milhões). Os dados são de um relatório elaborado pela Cepal e a Unicef cujas conclusões preliminares acabam de ser apresentadas. Ali se estabelece que de 18 países da região, a Argentina ocupa o terceiro lugar quanto à qualidade de vida das crianças pobres, atrás apenas do Uruguai e da Costa Rica. Mais abaixo aparecem Colômbia, Brasil, México, Peru, Bolívia e Honduras, entre outros. O parâmetro utilizado não é só o da renda, mas também as possibilidades de acesso a serviços básicos, como educação, saúde, água potável, alimentação e informação.

“Os governos que melhoraram muito são Uruguai, Costa Rica e Argentina. Nossos indicadores dão conta de políticas de longo prazo. Se as crianças têm um acesso melhor a saúde, ficarão menos doentes, poderão se alimentar melhor e terão mais oportunidades de aprender durante a sua passagem pela escola”, indicou Enrique Delamónica, assessor de política social e econômica da Unicef. (mais…)

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Condições de trabalho nas plantações de cana-de-açúcar ainda prejudicam trabalhadores

Condições de trabalho nas plantações de cana-de-açúcar ainda prejudicam trabalhadores

Objetivo do estudo foi conhecer o perfil dos trabalhadores que atuam no corte de cana

Um cientista social e um estudante de psicologia trabalham juntos numa pesquisa que tem como principal objetivo conhecer o perfil dos trabalhadores que atuam no corte de cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto, em São Paulo. Sob a orientação da professora Vera Navarro, do Departamento de Psicologia e Educação, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Riberão Preto (FFCLRP) da USP, Leandro Amorim Rosa, aluno do curso de Psicologia, e André Galiano, mestrando em Ciências Sociais, analisaram os critérios de contratação e as condições de trabalho nas plantações de cana-de-açúcar.

Entre 2004 e 2008, segundo dados da Pastoral do Migrante de Guariba, houve 21 mortes de cortadores de cana nas usinas da região, grande parte atribuída a paradas cardiorrespiratórias. Segundo a entidade, esses migrantes representam 80% da força de trabalho no corte da cana. Cerca de 70 mil pessoas, só na região de Ribeirão Preto. Na primeira década deste século, as mortes desses trabalhadores por exaustão, devido às condições insalubres nos canaviais, foram objeto de denúncia da Pastoral de Guariba junto ao Ministério Público Federal. (mais…)

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Brasil é o país que mais usa agrotóxicos no mundo, artigo de Fernando Ferreira Carneiro e Vicente Eduardo Soares e Almeida

aplicação de agrotóxicos
Foto: iStockphoto
O modelo agrícola brasileiro revela uma grande contradição. Enquanto bate recordes seguidos de produtividade, contribuindo com cerca de 30% das exportações brasileiras, 40% da população brasileira sofre com a insegurança alimentar, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Brasil, um dos países mais desiguais e com uma das maiores concentração de terras do mundo, ganhou o posto de maior consumidor de agrotóxicos do planeta. Lugar conquistado pelo segundo ano consecutivo, superando os Estados Unidos, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgados recentemente.

Curiosamente, o avanço da tecnologia nesses últimos dez anos não reduziu o consumo de agrotóxicos no Brasil. Pelo contrário, a moderna tecnologia dos transgênicos, por exemplo, estimulou o consumo do produto, especialmente na soja, que teve uma variação negativa em sua área plantada (- 2,55%) e, contraditoriamente, uma variação positiva de 31,27% no consumo de agrotóxicos, entre os anos de 2004 a 2008. (mais…)

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