Este não é um caso de Racismo Ambiental, e isso não tem a menor importância, assim como não importam as etnias, cor da pele ou origem das duas crianças e de seus familiares. O que importa aqui é denunciar o descaso com que materiais altamente perigosos são abandonados ao alcance de qualquer pessoa, tenha ela três ou 103 anos. Aprendemos pouco com o caso do césio, pelo visto. O brilho do material radioativo fascinou e matou uma família e outras pessoas, como agora as gotas mágicas do mercúrio fascinaram e contaminaram outra. Claro que isso não aconteceu nos Jardins ou na Vieira Souto, mas nas margens de uma estrada, no interior de São Paulo. Numa casa onde (como em Goiânia) o pai viu, sem qualquer noção do perigo, as filhas encantadas, jogando o mercúrio no chão do quarto para que formasse “bolinhas”. Então, importa também perguntar quem abandonou as embalagens de mercúrio, dentro ou fora de validade, para que as meninas as encontrassem? Quem não as descartou corretamente, de acordo com as leis? Certamente, alguém que não vive à margem da estrada ou desconhece o perigo que elas ofereciam. Pior: alguém que sequer será punido, provavelmente. TP.
Meninas encontraram frascos com mercúrio à margem de uma estrada. Caso aconteceu em Rosana, no interior de São Paulo.
Letícia Macedo, Do G1 SP
Duas meninas, de 3 e 5 anos, estão internadas no Hospital Regional Porto Primavera, em Rosana, a 748 km de São Paulo, desde terça-feira (29) com suspeita de contaminação por mercúrio. As meninas tiveram problemas gástricos, febre e irritações cutâneas nas mãos, face e no corpo. O quadro de saúde das meninas é estável.
Os laboratórios que fizeram os exames para constatar a contaminação, no entanto, forneceram resultados divergentes. Por isso, de acordo com o coordenador do hospital, Frei Jacó, um novo exame deve ser realizado. “Todos os exames que poderiam ser feitos na cidade já foram feitos”, afirmou. Porém, ele não soube esclarecer qual laboratório poderá constatar efetivamente a contaminação. Enquanto isso, as garotas recebem um tratamento sintomático.
De acordo com a coordenadora da Vigilância Sanitária do município, Egle dos Santos Trevisan Faria, as crianças, que moram no bairro Cinturão Verde teriam encontrado de 15 a 20 frascos de mercúrio de uso em consultórios odontológicos à margem de uma estrada, uma semana antes de passarem mal. O mercúrio tinha data de validade vencida. (mais…)
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