”Auschwitz a céu aberto”, diz pesquisadora argentina

Unisinos – Graciela Gómez não duvidou em qualificar os jornais La Nación e Clarín como a grande “vitrine” das empresas, de suas práticas e de sua filosofia. É outra perna do negócio, a de propagandear produtos e benefícios, ocultando realidades que não é conveniente que sejam conhecidas. A Expo Chacra, exposição rural organizada anualmente por essas empresas, é a outra forma de mostrar o negócio, a sua máxima expressão.

A reportagem está publicada no blog argentino Ecos de Romang, 11-06-2010. A tradução é do Cepat.

Graciela Gómez, advogada que pesquisa os casos de intoxicação por agrotóxicos, comparou o número crescente de pessoas afetadas pela inalação de gases tóxicos com Auschwitz, o campo de concentração dos nazistas, onde milhares de pessoas morreram nas câmaras de gás. Gómez denunciou que na Argentina são utilizados agrotóxicos proibidos e acusou os grandes meios de comunicação de ocultarem informações porque eles são, precisamente, parte do negócio.

“Viemos denunciando isso há tempo, acontece que é tão evidente, que não podem mais ocultar”, garantiu a doutora Graciela Gómez quando, em uma entrevista à Rádio Notícias, explicou por que agora se começa a conhecer a morte de trabalhadores rurais e caminhoneiros por culpa da fumigação intensiva de campos e caminhões. “Eu comparo isso com Auschwitz, porque é como uma câmara de gás a céu aberto”, sustentou a pesquisadora, enquanto lembrava que um jornalista de San Lorenzo lhe comentava do “cheiro insuportável” deixado pelos caminhões carregados com grãos em direção ao porto.

No ano passado, afirmou, houve quatro mortes decorrentes da inalação de gás tóxico produzido por uma pastilha de pesticida colocada nos caminhões que levam o grão ao porto. Este ano houve dois casos mortais e outro que esteve próximo. (mais…)

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A saúde não é prioridade no modelo agroindustrial

Unisinos – Uma Comissão formada pelo governo da Província de Chaco, na Argentina, analisou estatísticas em zonas com uso intensivo de agrotóxicos. Em uma década triplicaram os casos de câncer em crianças e quadruplicaram os nascimentos com malformações.

A reportagem é de Darío Aranda e está publicada no jornal argentino Página/12, 14-06-2010. A tradução é do Cepat.

É a primeira vez que uma Província reúne estatísticas sanitárias vinculadas a zonas com uso intensivo de agrotóxicos. Os dados são contundentes e confirmam as denúncias que há anos a população vem fazendo: os casos de câncer em crianças triplicaram e as malformações em recém-nascidos aumentaram 400%. Isso aconteceu em apenas uma década e os números correspondem a um estudo oficial da Comissão de Pesquisa de Poluentes da Água de Chaco, criada pelo governador em dezembro passado.

“Primeiro Relatório” é o simples título do documento que foi entregue à Casa de Governo provincial e ao Ministério da Saúde local. Os casos de câncer estão focalizados na localidade de La Leonesa, próximo a Resistencia e epicentro das denúncias pelo uso de herbicidas e inseticidas. As malformações correspondem a dados de toda a Província, onde – sempre segundo dados oficiais – se dão 17 casos por mês. A Justiça ordenou frear as fumigações e exigiu urgentes estudos de impacto ambiental.

Iván gostava de ver as avionetas que sobrevoavam sua casa. Tinha seis meses, ouvia os motores e pedia ‘upa’ para sair ao pátio e saudar a passagem do aeroplano. Laura, a mãe, o pegava e levava ao jardim para satisfazer o desejo do bebê. Com a passagem das avionetas, Iván aprendeu a saudar com a mão, ria e festejava o voo rasante. Aos 12 anos, foi detectado que estava com leucemia. Foi levado com urgência ao Hospital Garrahan, sofreu oito meses de quimioterapia e dois anos de tratamento intensivo. (mais…)

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Documentário denuncia desastre ambiental na Ilha da Madeira, em Itaguaí, no litoral fluminense

Foto de arquivo do passivo ambiental da Companhia Mercantil e Industrial Ingá
Foto de arquivo do passivo ambiental da Companhia Mercantil e Industrial Ingá

Documentário denuncia desastre ambiental em ilha fluminense – As agressões ambientais ocorridas na Ilha da Madeira, em Itaguaí (RJ), e as consequências na vida dos pescadores do local são o tema central do documentário Território de sacrifício ao deus do capital: o caso da Ilha da Madeira. O vídeo foi produzido por pesquisadores da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e mostra como a vida dos moradores da ilha foi afetada com a chegada de grandes empreendimentos econômicos à região do Porto de Itaguaí.

Considerada estratégica economicamente por estar localizada entre os maiores centros industrias do país e sediar um dos maiores portos do Brasil, a região sofreu grandes impactos ambientais a partir da década de 1950. Além das indústrias que se instalaram na própria Ilha da Madeira, as empresas do entorno também geram vários poluentes industriais que trazem consequências para a vida, o trabalho e a saúde dos moradores da localidade.

O nome do documentário é uma referência ao termo “Zona de Sacrifício”, utilizado por alguns autores para definir áreas determinadas pelo poder público para receber empreendimentos econômicos. Normalmente, são regiões vulneráveis socialmente, com população de baixo nível socioeconômico. “No caso da Ilha da Madeira, os moradores e pescadores foram coagidos pelo poder público a aceitar as indenizações e imposições das empresas. Eles minam as resistências da população para que ela aceite coisas como se mudar de suas casas, por exemplo, para abrir espaço para a instalação das indústrias”, conta Marcelo Bessa, coordenador do projeto de pesquisa A construção compartilhada de cenários exploratórios e prospectivos entre atores envolvidos em conflitos socioambientais – o caso do passivo ambiental da Companhia Mercantil e Industrial Ingá, que gerou o filme. (mais…)

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Tribuna do Norte também “alega”. E mal.

Tania Pacheco

Uma das primeiras lições para a formação de um bom jornalista é o valor diferenciado a ser dado aos verbos, quando se quer induzir uma opinião. Ensina-se, por exemplo, que há uma grande diferença quando o leitor lê que João da Silva afirma, declara, se justifica, diz, se defende, explica, reitera, ratifica ou, no caso em questão, “alega” alguma coisa. Dependendo do verbo utilizado, a “declaração” tem ou não valor, deve ou não ser aceita ou sumariamente posta em dúvida ou desprezada.

Ao escrever que o “Advogado alega que a prisão de índio em Mossoró é ilegal”, a Tribuna do Norte, jornal ligado à rede Globo no Rio Grande no Norte, começa, pois, por desqualificar as declarações do advogado em questão. E não só dele. Ao usar a palavra “índio”, em lugar do nome de Babau, cujo caso já ultrapassou as fronteiras nacionais, dá mais um passo na tentativa de sua invisibilização.

Finalmente, todo o cunho tendencioso da matéria é claramente desnudado quando a TN decide “praticar bom jornalismo” e “oferecer” a seus leitores uma breve síntese do caso. E escreve:

“Rosivaldo, conhecido como o “Cacique Babau”, foi preso pela PF no dia 10 de março, no município de Buerarema, a 451 quilômetros de Salvador, na Bahia. Ele responde a, no mínimo, dez inquéritos, que incluem acusações de sequestro, furto, invasão de propriedade privada, incêndio criminoso, porte ilegal de armas, ameaça e formação de quadrilha. Cacique Babau estava preso na Superintendência da Polícia Federal na Bahia.

Ele é um dos líderes do grupo de três mil pessoas que se dizem pertencentes à tribo Tupinambá, que habitava a Bahia na época da chegada de Pedro Álvares Cabral. Ele é acusado pela polícia baiana de aterrorizar a região onde vive, usando a violência. A justificativa dos índios para as ações violentas seria a retomada das terras pertencentes à tribo, que são particulares. Sua prisão resultou em protestos de defensores dos índios, que descrevem a ação como racismo”.

Não vou abusar da inteligência de ninguém justificando os negritos que coloquei no texto. Eles falam por si. E são tendenciosamente revoltantes.

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Advogado alega que prisão de índio em Mossoró é ilegal

Jornal Tribuna do Norte – O índio Rosivaldo Ferreira da Silva, de 35 anos, conhecido como cacique “Babau” e que está preso em Mossoró pela segunda vez desde o último 8 de junho, é um “hóspede” do Presídio Federal de Segurança Máxima de Mossoró, segundo seu advogado, Luciano Falcão.

Segundo Falcão, o inquérito da Polícia Federal que apurava os crimes cometidos pelo índio na Bahia não chegou ao fim, e o término da prisão preventiva efetuada pela PF foi pedido até pelo Ministério Público Federal. Apesar da concessão do habeas corpus pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região, um juiz estadual pediu novamente a prisão de Rosivaldo e ele desde então está no Presídio Federal de Mossoró.

Ainda hoje o advogado de Rosivaldo terá uma audiência com o juiz federal Ivan Lira de Carvalho, para tentar reverter a sua prisão, já que, desde a quinta-feira passada, sua manutenção no presídio é ilegal. “A preventiva do juiz federal foi cassada, então desde a quinta sua prisão é irregular”, declarou Falcão. (mais…)

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